Troca de mensagens em grupo ‘Os Mercenários’ mostra participação de Adelmo GueriniReprodução
O assassinato do 2º sargento, lotado no 21º BPM (São João de Meriti), ocorreu na comunidade Asa Branca. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso. Segundo a Polícia Civil, as diligências seguem em andamento para apurar a autoria e a motivação do crime.
Uma das hipóteses analisadas considera o passado de Adelmo. No último dia 9, o PM e outros sete agentes viraram réus pela execução de dois homens em Itaguaí, na Baixada Fluminense, no ano de 2020. De acordo com as investigações, os homicídios serviram como forma de alerta a criminosos, com objetivo de facilitar a extorsão sobre eles.
“Indícios apontam que agiram os denunciados impelidos por motivo torpe e para assegurar a vantagem dos crimes de corrupção ativa e concussão por eles reiteradamente praticados. Mataram as vítimas com claro propósito, servindo aqueles homicídios única e exclusivamente de ‘recado’ aos criminosos locais e ao grupo que ali operava para assim os pressionar e facilitar a extorsão daqueles, eis que regularmente a guarnição que compunham e dividiam exigia pagamento de valores ao tráfico de drogas organizado da localidade”, escreveu o juiz Edison Ponte Burlamaqui, da Vara Criminal de Itaguaí, do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ).
O magistrado determinou a suspensão do porte de arma de Adelmo, o recolhimento da identidade funcional que autoriza esse porte e o afastamento cautelar do serviço externo. Com isso, o policial só poderia estar realizando serviços administrativos internos no batalhão onde era lotado.
Acusação de integrar milícia
Segundo o Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ), a quadrilha, formada por diversos policiais militares, era responsável pela prática de diferentes crimes na comunidade Asa Branca, tais como a exploração e a comercialização de sinais clandestinos de televisão a cabo, venda de cigarros ilegais e a exploração dos pontos de mototáxi.
A investigação apontou que os PMs receberam, na época, propinas para fornecer informações privilegiadas sobre operações policiais na região, bem como para garantir a livre circulação de mototaxistas nas áreas de fiscalização do 18º BPM (Jacarepaguá) e 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes), fazendo vista grossa para as irregularidades de trânsito eventualmente praticadas por eles.
A denúncia do MPRJ ainda citou indícios da prática de invasão de propriedade, grilagem de terras, exploração sexual de menores e lesões corporais contra membros da própria organização que cometessem erros ou até desobedecessem ordens de superiores.
Os Mercenários
Em um outro trecho da conversa, um integrante do grupo confirma o nome do chefe da comunidade citada e mostra fotos de ‘Leo Marrinha’. Logo em seguida, Adelmo admite a prisão do traficante dizendo: “Está na minha mão. Está totalmente diferente”.
O MPRJ apontou também que os policiais utilizavam informantes e arrecadadores da propina, que tinham a função de conseguir informações precisas sobre os criminosos que atuavam nas áreas de batalhões que os PMs pertenciam para, em seguida, se dirigir até eles para cobrar o valor da propina.
Na denúncia, os investigadores dizem que os policiais agiam com violência justamente para impor medo em comerciantes e criminosos, forçando eles a realizar o pagamento da propina exigida. O Ministério Público reuniu imagens, que foram enviadas por Adelmo no grupo de mensagens que exemplificam os atos. De acordo com o MPRJ, em uma delas, é possível ver uma pessoal sendo torturada com tapas e enforcada.
2025-10-17 10:33:00