São mais de 608 mil empregos diretos, indiretos e induzidos. E olha que interessante: para cada R$ 10 milhões que o audiovisual produz, outros R$ 12 milhões são movimentados em outras áreas da economia. É uma engrenagem gigante que faz o dinheiro circular. Restaurante, hotel, transporte, equipamento, figurino. É muito mais que só apertar o play numa série.
E tem um detalhe que me deixou de queixo caído: a produtividade. Cada trabalhador do audiovisual contribui em média R$ 259,4 mil para o PIB por ano. Isso é 3,5 vezes mais que a média nacional. E ganham R$ 6.800 por mês, quase o dobro da média salarial brasileira. A gente não está falando de subemprego ou bico. É trabalho qualificado, bem pago e que gera riqueza de verdade.
Para comparar com outras indústrias criativas, a música brasileira movimentou R$ 116 bilhões em 2024, mas a maior parte disso vem de shows ao vivo. O mercado fonográfico mesmo, aquele da música gravada que você escuta no CD ou no Spotify, gerou só R$ 3,5 bilhões. Ou seja, o audiovisual, quando a gente olha só para a produção e distribuição de conteúdo gravado, tem uma musculatura bem mais forte que a música. E isso não é para diminuir ninguém, mas para mostrar o quanto a tela tem poder.
Mas o que mais me chamou atenção foi a comparação com a indústria automobilística. A gente cresceu ouvindo que carro é desenvolvimento, que montadora gerando emprego é sinal de país forte. E olha, o audiovisual está ali, junto, gerando mais emprego que todo esse metal e motor. Só que diferente de um carro que enferruja, um filme fica para sempre. Ele vira memória, identidade, aquela história que você conta pros seus netos.
E tem mais: o setor gerou R$ 9,9 bilhões em impostos. Quase 10 bilhões que voltam pro governo e que deveriam voltar para nós em forma de escola, hospital, estrada. É dinheiro que alimenta o país e ainda provoca aquele fenômeno lindo chamado “turismo de tela”. A Netflix fez parceria com a Embratur para usar as produções brasileiras como cartão postal. Imagina: alguém assiste Cidade de Deus e quer conhecer o Rio. Assiste uma série no Pantanal e já tá comprando passagem. É cultura virando motor econômico.
Claro que não é tudo perfeito. A distribuição ainda é um problema clássico do nosso audiovisual – falta estrutura para fazer os filmes chegarem nas pessoas, especialmente fora dos grandes centros. Mas isso não apaga o que já existe, só mostra o potencial gigante que a gente tem pela frente.
2025-10-14 12:00:00