Derrota do governo na MP de compensação do IOF impôs desafio
O dólar começou esta sexta-feira (10) em queda, mas mudou de direção pouco depois. Por volta das 10h25, a moeda americana subia 0,38%, sendo negociada a R$ 5,3957. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, avançava 0,30%, aos 142.137 pontos.
Em um dia de agenda econômica mais enxuta no Brasil, os investidores voltam os olhos para dados internacionais e movimentações políticas que podem influenciar os mercados. Enquanto o cenário doméstico digere os efeitos de decisões recentes, os Estados Unidos concentram atenção com indicadores de confiança e falas de autoridades monetárias.
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▶️ No Brasil, o IPP de agosto foi divulgado, indicando a variação dos preços na porta das fábricas teve queda de 0,20%. Em 12 meses houve alta de 0,48%, tendo acumulado no ano queda de 3,62%. O indicador é usado como termômetro das pressões de custo na indústria e pode antecipar tendências da inflação ao consumidor.
▶️ Em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de cerimônia sobre o novo modelo de crédito imobiliário. O evento conta com a presença de autoridades como Fernando Haddad, ministro da Fazenda, e Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central.
▶️ Nos EUA, o destaque é a prévia de outubro da pesquisa de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, que ajuda a medir o humor da população diante do cenário econômico atual.
▶️ Ainda no exterior, tensões políticas no Japão e na França, além do fortalecimento do dólar, aumentam a pressão sobre o real e os ativos brasileiros. Investidores também reagem ao acordo entre Israel e Hamas, que encerra conflito na Faixa de Gaza após mais de dois anos.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +0,73%;
Acumulado do mês: +0,99%;
Acumulado do ano: -13,02%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -1,73%;
Acumulado do mês: -3,10%;
Acumulado do ano: +17,81%.
IPP de agosto
Os preços ao produtor no Brasil caíram em agosto pelo sétimo mês consecutivo, embora a intensidade da queda tenha diminuído, segundo o IBGE. O Índice de Preços ao Produtor (IPP) recuou 0,20% no mês, uma deflação mais branda que a registrada em julho (-0,31%) e a menos intensa desde abril (-0,12%). Com isso, o indicador acumula alta de 0,48% em 12 meses e queda de 3,62% no ano.
🔎 O IPP acompanha a variação dos preços na chamada “porta da fábrica”, ou seja, antes da inclusão de impostos e frete. O índice abrange 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação.
Das 24 atividades industriais analisadas, metade apresentou redução nos preços em relação a julho. As maiores quedas ocorreram nos seguintes setores:
Perfumaria, sabões e produtos de limpeza (-1,66%);
Madeira (-1,59%), equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos (-1,59%);
Papel e celulose (-1,42%).
As principais influências sobre o índice em agosto vieram dos segmentos de alimentos (-0,11 ponto percentual), produtos químicos (-0,08 p.p.), indústrias extrativas (-0,06 p.p.) e papel e celulose (-0,04 p.p.).
Segundo Alexandre Brandão, gerente do IPP, os setores com maior peso na indústria — como alimentos, metalurgia, extrativas e refino — foram os que mais impactaram o acumulado do ano.
“O movimento desses preços tem explicações diversas, mas, no caso de alimentos, por exemplo, a safra é um fator que explica em grande parte a redução, não por acaso, açúcar, soja e arroz despontam como as principais influências no acumulado do ano”, completou.
Brandão explicou que os fatores por trás dessas variações são diversos, mas no caso dos alimentos, a safra tem sido determinante para a queda nos preços. Produtos como açúcar, soja e arroz se destacam como os principais responsáveis pela redução acumulada.
Em agosto, os custos do setor alimentício caíram 0,44%, acumulando queda de 7,55% no ano, embora tenham subido 1,45% nos últimos 12 meses.
EUA em paralisação pelo 10º dia
A paralisação do governo dos Estados Unidos chegou ao décimo dia nesta sexta-feira (10), após o Senado não conseguir aprovar um acordo na véspera. A proposta apresentada pelos republicanos para financiar o governo até 21 de novembro foi rejeitada, mantendo o impasse.
A votação terminou com 54 votos a favor e 45 contra, abaixo dos 60 necessários para superar a obstrução dos democratas, que seguem exigindo mudanças na política de saúde como condição para aprovar qualquer medida orçamentária.
O presidente Donald Trump reforçou as ameaças de cortar o que chamou de “programas democratas” caso a paralisação se prolongue.
“Vamos cortar alguns programas democratas muito populares que, francamente, não são populares entre os republicanos, porque é assim que funciona”, afirmou. “Eles quiseram fazer isso, então vamos dar a eles um gostinho do próprio veneno.”
Trump deve viajar ao Oriente Médio no domingo para participar da cerimônia de assinatura de um acordo de paz entre Israel e o Hamas. Ainda não está claro quanto tempo ele permanecerá na região.
BC japonês sob influência política
A líder do partido governista do Japão, Sanae Takaichi, afirmou na quinta-feira que o Banco Central é responsável pela política monetária, mas que suas decisões devem estar alinhadas com os objetivos do governo.
Ela destacou que a inflação recente foi causada pelo aumento dos custos de matérias-primas, e não por uma demanda aquecida, o que justifica cautela em relação a possíveis altas nos juros.
“Acredito que devemos ter como objetivo alcançar uma inflação impulsionada pela demanda (forte). […] Meios específicos de política monetária estão sob a jurisdição do Banco do Japão. Mas qualquer decisão que ele tome deve estar alinhada com a política econômica do governo”, disse Takaichi, sinalizando sua cautela contra um aumento prematuro dos juros.
Takaichi defendeu que o país deve buscar uma inflação sustentada por consumo forte, e reforçou sua posição favorável a políticas econômicas mais flexíveis. Sua vitória inesperada na disputa pela liderança do partido, que a coloca como provável primeira-ministra, fez o iene cair ao menor nível em oito meses, diante da menor expectativa de alta nos juros.
Ela afirmou que não deseja uma desvalorização excessiva da moeda, embora reconheça que um iene fraco tenha efeitos positivos e negativos: ajuda exportadores, mas encarece produtos importados, afetando o custo de vida das famílias. Caso seja confirmada no cargo, Takaichi pretende lançar um pacote de medidas para aliviar esse impacto.
Entre as propostas, estão cortes no imposto sobre a gasolina e a criação de um orçamento extra para conter a alta dos preços. A perspectiva de mais gastos públicos elevou os rendimentos dos títulos do governo japonês, em meio a preocupações com o aumento da dívida.
Apesar disso, Takaichi afirmou que o crescimento econômico continua sendo a prioridade, e que o mercado de títulos do país é estável por ser dominado por investidores locais.
Bolsas globais
Em Wall Street, as atenções continuaram voltadas para a paralisação do governo dos Estados Unidos. O presidente do banco central dos EUA, Jerome Powell, também chegou a fazer um discurso, mas não trouxe sinais claros sobre possíveis mudanças na política de juros, o que deixou os investidores dependentes de dados antigos para tomar decisões.
Com isso, os principais índices norte-americanos fecharam em queda: Na abertura, os principais índices mostraram variações mínimas: o Dow Jones recuou 0,63%, o S&P 500 caiu 0,40% e o Nasdaq teve queda de 0,27%.
A movimentação dos mercados europeus é marcada por expectativas políticas e econômicas. Na França, os investidores acompanham os esforços do presidente Emmanuel Macron para encontrar um novo primeiro-ministro que consiga manter o delicado equilíbrio entre diferentes grupos no Parlamento.
O STOXX 600, que reúne ações de vários países europeus, recua 0,18%. Na Alemanha, o DAX cai 0,22%, enquanto o FTSE 100, do Reino Unido, tem leve baixa de 0,11%. Já o índice francês CAC 40 sobe 0,01%, e o FTSE MIB, da Itália, apresenta alta de 0,30%.
Na Ásia, os mercados encerraram o dia em queda, influenciados por tensões políticas e decisões comerciais que afetaram o clima entre os investidores. Na China, houve realização de lucros após o índice de Xangai atingir seu maior nível em dez anos.
No fechamento, os principais índices da região registraram quedas: em Xangai, o índice SSEC caiu 0,94%, enquanto o CSI300, que reúne grandes empresas chinesas, recuou 1,97%. Em Hong Kong, o Hang Seng perdeu 1,73%, marcando sua quinta queda consecutiva.
Em Tóquio, o Nikkei caiu 1,01%. Já em Seul, o KOSPI subiu 1,73%. Em Cingapura, o Straits Times teve baixa de 0,24%, e em Sydney, o S&P/ASX 200 recuou 0,13%. O mercado de Taiwan permaneceu fechado.
Cotação do dólar mostra menor confiança na economia brasileira devido a gastos e dívidas do governo
Jornal Nacional/ Reprodução
*Com informações da agência de notícias Reuters.
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