’Dores de um Favelado’, do grupo Os Hawaianos, será lançada nesta sexta-feira (10)Divulgação
“A polícia entra e acha que todo mundo que mora na favela, na comunidade, é bandido. Não é bem assim. A gente vai responder através da nossa arte, da música. É o que eu sei fazer de melhor: dançar. Através da arte eu levo alegria para o povo e para as crianças que curtem o som dos Hawaianos. Eles até falaram que eu era marginal por causa da cor do meu cabelo. Meu cabelo é vermelho há mais de 18 anos e é minha marca dentro dos Hawaianos”, disse Gugu ao DIA.
A vontade de resposta ficou ainda mais forte no grupo depois que a Polícia Civil divulgou um vídeo nas redes sociais em que acusa Gugu de colaborar com o tráfico da região. No post, a corporação compartilha imagens de drones que mostram criminosos entrando no bar que o funkeiro mantém na região, onde ele foi detido na operação.
Ele dizia ser apenas um artista perseguido. Mas a realidade não se esconde das câmeras: o bar era usado como boca de fumo e ele vigiava para o tráfico.
Enquanto alguns tentam transformar criminoso em vítima, a Polícia Civil RJ mostra os fatos: na Cidade de Deus, a CORE… pic.twitter.com/B5o5U7o1Xu
— Polícia Civil RJ (@PCERJ) September 27, 2025
O vídeo causou indignação nos integrantes do grupo. Para Gugu, o sentimento que fica é o de tristeza. “Eu fico muito triste, muito magoado, porque tem muitas pessoas me julgando pela internet, falando coisas que eu não sou, me chamando de bandido, de marginal, me apontando sem ao menos me conhecer. Existem dois lados. O deles e o nosso. Aquele vídeo era todo montado, eles montaram. Em nenhum momento eu corri com ninguém. Eu trabalho aqui, 24 horas por dia, no meu bar, quem passa aqui vê e sabe que eu sou trabalhador, nunca me envolvi com o tráfico”, afirma.
O sentimento é compartilhado com Poltin, que acrescenta: “A gente ficou mais triste ainda ao ver a Polícia Civil do Rio de Janeiro lançando um vídeo nas redes sociais dela. A gente pensava que era uma polícia séria, mas infelizmente pegou mentiras. Quem conhece o Gugu, sabe que ele não é isso. Então, a gente quis responder desse jeito, mostrar na música que a gente é artista, que está querendo trabalhar para levar o nosso sustento para casa”.
“As dores de um Favelado” estará disponível nas plataformas digitais a partir do meio-dia desta sexta-feira (10). O videoclipe será lançado nas redes sociais e no YouTube às 18h. “Mais do que uma resposta, essa obra é um grito de liberdade, de dignidade e de verdade. Os Hawaianos seguem firmes: a arte é a nossa arma, e o amor pelo povo é o nosso motivo”, diz o grupo.
Relembre o caso
Na tarde do dia 19 de setembro, a Polícia Civil iniciou uma operação na Cidade de Deus em busca dos envolvidos no homicídio do agente da Core José Antônio Lourenço, morto durante uma ação na mesma região, em maio.
A operação terminou com um morto e uma pessoa presa. De acordo com a corporação, o criminoso Mateus Inácio da Silva, vulgo “MT”, foi morto após atacar os agentes. Durante a ação, ainda foram apreendidos um fuzil, armas, explosivos e grande quantidade de drogas.
Um vídeo, que circulou nas redes sociais, mostra o momento em que dois homens são detidos. No registro, populares afirmam que um deles é inocente e se trata de um comerciante da região, posteriormente identificado como Gugu Hawaiano, integrante do grupo Os Hawaianos e solto horas depois. No registro, o dançarino surge com o rosto ensanguentado enquanto é conduzido pelos policiais civis.
Fenômeno dos anos 2000, o grupo Os Hawaianos é referência do funk carioca, com sucessos que marcaram gerações e seguem movimentando bailes, rádios e plataformas digitais.
2025-10-09 17:50:00