“O Ônibus Perdido” é seu primeiro filme após um hiato de seis anos depois de “Magnatas do Crime”. É uma trama que dramatiza uma tragédia real (os incêndios que consumiram parte do norte da Califórnia em 2018), narrada no estilo quase documental frequente à obra do diretor Paul Greengrass (“Voo United 93”, “Capitão Phillips”). É também uma obra sólida e – com o perdão do trocadilho – sufocante.
McConaughey interpreta Kevin McKay, motorista de ônibus escolar que trabalha em Paradise, cidadezinha na Califórnia. O emprego, no qual ele tem pouco mais de um mês, é uma nova tentativa de fincar raízes no lugar, lidar com a morte do seu pai (com quem ele não tinha contato há mais de duas décadas) e se reconectar com o filho, que claramente prefere estar em qualquer outro lugar.
Seus conflitos pessoais, contudo, ficam em segundo plano quando um foco de incêndio cresce e espalha-se rapidamente, consumindo tudo pelo caminho. McKay, que não retornara à garagem como deveria, termina como único motorista disponível para resgatar 22 crianças de uma escola na trilha do fogaréu. Ao lado de uma professora (papel de America Ferrera), que termina à bordo para ajudar com a turma, ele se vê obrigado a atravessar um inferno em chamas para salvar seus pequenos passageiros – e a si próprio.

Não existe muita gordura no esqueleto de “O Ônibus Perdido” – a trama basicamente se ocupa da fuga de uma região completamente tomada por chamas, fumaça e destroços. Greengrass, no entanto, injeta senso de urgência traduzido em duas horas de ação asfixiante, intercalando tomadas aéreas surpreendentes com câmeras no ombro que nos colocam no centro da ação. A montagem é propositalmente vertiginosa. A edição de som é assustadora. A sensação de calor é real.
2025-10-08 12:15:00