‘Profeta’ das redes é alvo de operação policial contra call center que cobrava até R$ 1,5 mil por orações

A Polícia Civil e o Ministério Público (MPRJ) iniciaram, nesta quarta-feira (24), uma operação contra um esquema de estelionato religioso supostamente liderado por Luiz Henrique dos Santos Ferreira, conhecido nas redes sociais como o “Profeta Henrique Santini”. O grupo, que


A Polícia Civil e o Ministério Público (MPRJ) iniciaram, nesta quarta-feira (24), uma operação contra um esquema de estelionato religioso supostamente liderado por Luiz Henrique dos Santos Ferreira, conhecido nas redes sociais como o “Profeta Henrique Santini”. O grupo, que atuava em um call center no Centro de Niterói, cobrava até R$ 1,5 mil por orações com “promessas de cura” e “milagres”, movimentando pelo menos R$ 3 milhões em dois anos.

A Justiça determinou medidas cautelares contra Henrique Santini, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, bloqueio de contas bancárias e sequestro de bens. Ele resistiu a abrir a porta de sua casa, na Barra Olímpica, na Zona Sudoeste, e a polícia precisou arrombar o imóvel. Foram apreendidos computadores, celulares, documentos e dinheiro em espécie.

Reprodução/TV Globo

Mais de 20 pessoas foram denunciadas

Ao todo, 23 pessoas foram denunciadas pelos crimes de estelionato, charlatanismo, curandeirismo, associação criminosa, falsa identidade, crime contra a economia popular, corrupção de menores e lavagem de dinheiro. As penas podem chegar a 29 anos de prisão.

“É muito triste ver criminosos usando a fé genuína para se aproveitar das pessoas e praticar o mal. Parabenizo a nossa Polícia Civil por mais essa ação, promovida com base em diversas investigações e trabalho de inteligência, que interrompe esse tipo de crime contra a nossa população”, afirmou o governador Cláudio Castro (PL).

Como funcionava o esquema

As investigações da Operação Blasfêmia revelaram uma sofisticada estrutura de telemarketing religioso. Dezenas de atendentes eram recrutados por anúncios em plataforma online de vendas, sem qualquer vínculo religioso com a instituição, e instruídos a se passar pelo líder religioso durante atendimentos via WhatsApp.

Nas conversas com as vítimas, eles simulavam ser o pastor de uma igreja de São Gonçalo, usando áudios gravados com promessas de curas e milagres, condicionadas a transferências bancárias via Pix. Os valores cobrados variavam entre R$ 20 e R$ 1,5 mil, conforme o “tipo de oração” oferecida.

Para lidar com o grande volume de arrecadação, o grupo utilizava uma rede de contas bancárias em nome de terceiros, dificultando o rastreamento das movimentações financeiras. Os atendentes recebiam comissões proporcionais à arrecadação semanal e eram submetidos a metas rígidas; quem não atingisse o valor mínimo era dispensado.

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Foto: Reprodução/TV Globo

Início das investigações

A investigação começou em fevereiro deste ano, quando a polícia identificou um call center com 42 pessoas realizando atendimentos virtuais. Na operação, foram apreendidos 52 celulares, 6 notebooks e 149 cartões pré-pagos de telefonia móvel. A análise do material confirmou a atuação coordenada do grupo e permitiu identificar milhares de vítimas em todo o país.

Em fevereiro, na primeira fase da operação, o líder religioso e 22 integrantes do grupo foram denunciados, e o pastor passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica. As investigações seguem para identificar novas vítimas e possíveis envolvidos.



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