A expansão bilionária do Primeiro Comando da Capital (PCC) escancara a responsabilidade do governo federal no avanço do crime organizado. Segundo o promotor Lincoln Gakiya, 80% do faturamento da facção — cerca de R$ 4 bilhões por ano — vêm do tráfico internacional de cocaína para a Europa. Esse dinheiro retorna ao Brasil como investimentos na economia formal, inclusive no sistema financeiro, evidenciando como a ausência de uma política eficaz de combate ao tráfico internacional e à lavagem de dinheiro permite que facções operem como máfias transnacionais.
Especialistas apontam falhas graves na estratégia federal
Durante audiência na comissão especial da Câmara que analisa a PEC 18/25, o delegado da Polícia Federal Osvaldo Scalezi Júnior e o promotor Gakiya foram categóricos: sem bloquear o tráfico e descapitalizar as facções, o Estado continuará sendo cúmplice involuntário do poder criminoso. Scalezi destacou que o tráfico é a principal fonte de financiamento das organizações e que a prisão de lideranças, a cooperação internacional e a integração institucional são medidas urgentes.
Gakiya reforçou que o PCC, fundado em 1993, já atua em 28 países e que o crescimento exponencial da facção é resultado direto da negligência federal. “Já podemos falar na existência de uma máfia brasileira”, alertou.
Relator da PEC detona proposta do governo federal
O relator da PEC da Segurança Pública, deputado Mendonça Filho (União-PE), criticou duramente a proposta enviada pelo governo federal à Casa Legislativa. Segundo ele, o texto concentra poder na União e ignora a realidade das forças de segurança estaduais, que somam 700 mil policiais, contra apenas 10 mil federais. “O crime organizado transnacional é uma das maiores ameaças à segurança pública, à Justiça e à democracia. A resposta do Estado precisa ser integrada, e não centralizada”, afirmou.
Facções brasileiras usam guerra na Ucrânia como campo de treinamento e fonte de armas pesadas
A PEC 18/25 propõe incluir o Sistema Único de Segurança Pública na Constituição e ampliar as competências da Polícia Federal. Mas enfrenta resistência de parlamentares como o deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), que também se opõe à concentração de poder em Brasília.
Próximos passos
A proposta ainda será votada na comissão especial antes de seguir para o Plenário.
2025-09-24 07:00:00