ao estilo dos cartéis e da máfia, execução de delegado tem assinatura e firma reconhecida do crime organizado

O homem ao volante é cercado por criminosos armados. Não tem chance de escapar: os assassinos cercam o carro e disparam muitas vezes. A vítima não resiste e morre. Gabriel Spalone: Saiba quem é o influenciador suspeito de desviar R$


O homem ao volante é cercado por criminosos armados. Não tem chance de escapar: os assassinos cercam o carro e disparam muitas vezes. A vítima não resiste e morre.

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A cena acima descreve a execução do ex-delegado-geral de São Paulo Ruy Ferraz Fontes, morto a tiros numa das avenidas mais movimentadas de Praia Grande, no litoral paulista. Mas também se encaixa no homicídio do juiz mexicano Roberto Elías Martínez, em 3 dezembro de 2022, na cidade de Zacatecas, após o magistrado tomar decisões contra criminosos presos. Ou no fuzilamento do general italiano Carlos Alberto Dalla Chiesa, em setembro de 1982, a mando da Máfia — meses antes, Dalla Chiesa havia sido nomeado prefeito de Palermo para combater a violência da guerra entre mafiosos e o Estado.

Também poderia ser a morte de Edgar Millán Gómez, alto funcionário da polícia federal mexicana em 2008, ou de Rodrigo Lara Bonilla, ministro da Justiça da Colômbia executado em 1984 a mando de Pablo Escobar. E a lista poderia continuar, numa longa fila de homens e mulheres que perderam a vida por bater de frente com o crime organizado.

Não se sabe ainda com certeza quem matou o delegado Fontes, nem por quê. Mas não é, obviamente, uma tentativa de assalto: é uma execução profissional, com assinatura e firma reconhecida do crime organizado, que vai pavimentando com chumbo seu caminho de delinquência e mortes.

Se o Primeiro Comando da Capital (PCC) for confirmado como o responsável pelo assassinato, tal qual a investigação leva a crer até o momento, isso reforça o quanto hoje, mais do que traficar drogas e armas, dominar territórios dentro do país e lavar dinheiro — desgraça mais do que suficiente —, a facção virou um cartel, uma máfia. Move-se dentro do Estado usando a propina e a coerção como combustíveis. E, para quem a afronta, resta a bala.

Fontes não tinha proteção, nem carro blindado ou escolta armada. Em 25 de agosto, numa entrevista ao GLOBO e à rádio CBN, disse que tinha medo de ser morto: “Eu moro sozinho, eu vivo sozinho na Praia Grande, que é no meio deles. Pra mim é muito difícil”. E afirmou que, apesar disso, nunca foi ameaçado, já que existiria uma ética dentro do crime: o criminoso pratica o crime, e ele, como policial, investiga — ecoando a frase do assaltante Lúcio Flávio Vilar Lyrio nos anos 1970: “Bandido é bandido, polícia é polícia. São como água e azeite. Não podem se misturar”.

A execução do ex-delegado-geral, feita como foi, é um recado e uma demonstração de poder. Uma tentativa de intimidar quem se ponha no caminho da organização. Também nisso se assemelha a uma máfia ou aos cartéis do narcotráfico. Ruy Ferraz Fontes foi um dos primeiros policiais a combater o PCC. Que a morte não faça com que se torne um dos últimos.



Conteúdo Original

2025-09-24 03:30:00

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