Câmara do Rio aprova novo empréstimo de R$ 882 milhões sob protestos da oposição

Em meio a um cenário de fragilidade fiscal e denúncias de aparelhamento político, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou nesta terça-feira (23) um novo empréstimo de R$ 882,8 milhões solicitado pelo prefeito Eduardo Paes (PSD). A medida, que


Em meio a um cenário de fragilidade fiscal e denúncias de aparelhamento político, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou nesta terça-feira (23) um novo empréstimo de R$ 882,8 milhões solicitado pelo prefeito Eduardo Paes (PSD). A medida, que recebeu 43 votos favoráveis e 5 contrários, reacendeu o debate sobre a sustentabilidade das finanças municipais e provocou duras críticas da oposição — especialmente do vereador Rogério Amorim (PL), que classificou a operação como “eleitoreira” e “irresponsável”.

‘Isso é uma vergonha’, dispara Amorim

Durante a sessão, Amorim fez um discurso contundente contra o projeto, acusando o governo de inflar a máquina pública com nomeações de interesse político. “Uma prefeitura inchada, endividada, colocando em risco o futuro da cidade, vem pedir dinheiro emprestado? Isso é uma vergonha”, afirmou. O parlamentar citou o estudo da Firjan que aponta o Rio como uma das piores capitais em gestão fiscal, com liquidez de apenas 0,5663 ponto — índice que classifica o município como em “gestão em dificuldade”.

Nepotismo e aparelhamento: nomeações sob suspeita

Amorim denunciou nomeações recentes que, segundo ele, evidenciam o uso da máquina pública para fins eleitorais. Ele citou o caso da psicóloga Sandra Maria Fernandes Mendes, esposa de Edson Menezes — o “Edinho”, secretário de Coordenação Governamental e aliado próximo de Paes.

“A prefeitura nomeou agora a senhora Sandra Maria Fernandes Mendes num cargo comissionado numa secretaria, e essa senhora é esposa do famoso Edinho. Aquele mesmo que você pode ver tomando uma cervejinha com Eduardo Paes está lá com sua esposa nomeada, ganhando ali seus R$ 8 mil, R$ 9 mil, 10 mil reais. Pra quê? Fazer campanha eleitoral, gente. Essa senhora custa aos cofres públicos R$ 120 mil por ano. E [o prefeito] tem a cara de pau de vir pedir dinheiro emprestado aqui para esta Casa”, criticou Amorim.

Rio entre as piores capitais em gestão fiscal

Segundo o relatório da Firjan, o município encerrou 2024 acumulando restos a pagar sem cobertura financeira, empurrando dívidas para o futuro. A baixa liquidez compromete a capacidade de planejamento e execução de políticas públicas, podendo paralisar serviços essenciais e gerar insegurança entre fornecedores e servidores.

‘Oitavo empréstimo e nenhuma obra entregue’

O vereador Rafael Satiê (PL) também não poupou críticas ao projeto e questionou o histórico da gestão municipal com os financiamentos anteriores:

“O ano é 2025. O prefeito está no quarto mandato e ainda quer resolver saneamento com mais um empréstimo? Isso não é descaso, é estratégia”, ironizou. “É muito fácil gravar vídeo dizendo que é para o Acari, para o Alemão. Mas quando a conta chega, todo mundo some.”

Satiê afirmou que este é o oitavo empréstimo aprovado para a atual gestão, e acusou o Executivo de não apresentar resultados concretos:

“O povo da favela já ouviu essa promessa antes. O prefeito pediu o mesmo dinheiro em 2012 e nada foi entregue. Agora volta com a mesma ladainha. Não existe almoço grátis, quem vai pagar o pato é justamente o morador vulnerável.”

Próximos passos

Além de Satiê e Amorim, também votaram contra os vereadores Carlos Bolsonaro (PL), Poubel (PL) e Pedro Duarte (NOVO). Com a aprovação, o projeto segue para formalização junto à Caixa. A expectativa é que a Câmara exija prestação de contas semestral e esclarecimentos sobre os critérios de nomeações e execução das obras. Enquanto isso, o Rio segue em alerta — com sua capacidade de investimento comprometida e a confiança da população em xeque.



Conteúdo Original

2025-09-23 18:31:00

Posts Recentes

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE