Rio amarga posição entre as piores capitais em gestão fiscal, revela Firjan

Apesar de ser uma das principais capitais do país, o Rio de Janeiro encerrou 2024 com um desempenho fiscal alarmante, figurando entre as piores no ranking do Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), divulgado nesta semana. A cidade ocupou a


Apesar de ser uma das principais capitais do país, o Rio de Janeiro encerrou 2024 com um desempenho fiscal alarmante, figurando entre as piores no ranking do Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), divulgado nesta semana. A cidade ocupou a 19ª posição entre as 26 capitais, ficou na 3.387ª colocação nacional e amargou o 66º lugar no estado do Rio de Janeiro. Os números escancaram a fragilidade da gestão pública municipal no quesito liquidez, que atingiu apenas 0,5663 ponto — um patamar que classifica o município como estando em “gestão em dificuldade”.

Segundo o relatório, esse indicador — que mede a capacidade da prefeitura de honrar seus compromissos financeiros com os recursos disponíveis em caixa — revela que o Rio terminou o ano com recursos escassos, acumulando restos a pagar sem a devida cobertura financeira para quitá-los no exercício seguinte. Em outras palavras, a cidade estaria empurrando dívidas para o futuro sem ter como pagá-las — um sinal claro de desequilíbrio fiscal.

Apesar de apresentar um baixo comprometimento da receita com despesas de pessoal — com pontuação de 0,6738 no IFGF Gastos com Pessoal — o desempenho ficou abaixo da média fluminense, que foi de 0,7174 ponto. Isso indica que, mesmo com margem para investir, o município não conseguiu transformar essa vantagem em uma gestão mais eficiente e flexível.

Liquidez como gargalo estrutural

Ainda segundo o relatório, a baixa liquidez foi o principal entrave para o Rio de Janeiro, comprometendo sua capacidade de planejamento e execução de políticas públicas. A falta de recursos em caixa para cobrir despesas já contratadas limita investimentos, pode paralisar serviços e gerar insegurança entre fornecedores e servidores. De acordo com o relatório, em um cenário de maior repasse de recursos federais, como ocorreu em 2024, o resultado do Rio evidencia uma gestão que não soube aproveitar o momento para reequilibrar suas contas.

Empréstimo de Eduardo Paes na Câmara sofre críticas da direita e até da esquerda

Pedidos de empréstimo reacendem debate sobre sustentabilidade fiscal

Em meio ao cenário de baixa liquidez, o prefeito Eduardo Paes tem buscado reforçar o caixa municipal por meio de empréstimos. Recentemente, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou o Projeto de Decreto Legislativo 18-A/2025, autorizando a prefeitura a contratar empréstimos de até R$ 2,22 bilhões para investimentos em mobilidade urbana, infraestrutura, saneamento, habitação, inovação e equipamentos esportivos e culturais. O valor foi significativamente reduzido em relação à proposta original, que previa até R$ 6 bilhões, após emendas que apontaram riscos ao equilíbrio fiscal e respeitaram os limites do Programa de Acompanhamento e Transparência Fiscal da União.

Além disso, um novo pedido de empréstimo está em análise pela Câmara, reacendendo o debate sobre o limite da capacidade de endividamento do município. A prefeitura já acumula cerca de R$ 5 bilhões em empréstimos contratados, e parlamentares da oposição têm expressado preocupação com a sustentabilidade dessas operações, especialmente diante dos indicadores de gestão fiscal desfavoráveis apontados pelo IFGF. A exigência de maior transparência e prestação de contas semestral foi incluída como contrapartida, mas a oposição alerta que o cenário fiscal do município levanta dúvidas sobre a capacidade de absorver novos compromissos sem comprometer serviços essenciais e a estabilidade das contas públicas.

Riscos à frente

A posição do Rio no ranking da Firjan é mais do que um número: é um alerta. A baixa liquidez e a menor flexibilidade orçamentária frente aos demais municípios podem colocar em risco a continuidade de serviços essenciais, a execução de obras e a confiança da população. Em um momento em que outras capitais avançam em autonomia e capacidade de investimento, o Rio precisa urgentemente rever suas estratégias e prioridades para evitar, quem sabe, um colapso fiscal — um risco que já não parece tão distante.



Conteúdo Original

2025-09-19 10:46:00

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