A nova edição do Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) aponta que as cidades do estado do Rio de Janeiro destinam, em média, somente 4,6% da receita para investimentos – menos da metade da média nacional, de 10,2%. Os municípios fluminenses registram 0,3715 ponto no indicador de Investimentos do estudo, que varia de zero a um ponto, e são os que menos priorizam investimentos públicos no Brasil. Com desempenho superior à média do estado (0,5587 ponto), a região Norte Fluminense aparece com 0,5998 ponto. No entanto, a maioria dos municípios ainda não prioriza os investimentos públicos no orçamento, o que pode ser refletido em vulnerabilidades no desenvolvimento local.
Dentre as cidades da região Norte Fluminense, Macaé é o único município que segue na contramão da maioria: combinou excelente nível de autonomia e destinou um bom percentual da receita para investimentos públicos. Diferente de São Francisco de Itabapoana que terminou o ano de 2024 com situação fiscal em nível crítico. O município apresentou forte dependência de transferências intergovernamentais para custear despesas básicas obtendo nota zero no IFGF Autonomia. Maior município da região, Campos dos Goytacazes, terminou 2024 com boa situação fiscal, embora ainda com forte penalização de investimentos públicos.
“Chama ainda mais atenção o fato de que esse péssimo resultado foi em momento de conjuntura econômica favorável no país em 2024 e maior repasse de recursos para os municípios. Toda a sociedade precisa acompanhar e cobrar dos gestores maior compromisso com o dinheiro público. Não podemos aceitar esse cenário”, ressalta o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.
O presidente da Firjan defende também que as cidades desenvolvam ações para estimular a economia e gerar recursos localmente. “Assim, além de não ficarem tão vulneráveis aos ciclos econômicos, darão oportunidades para a população, com melhoria da renda e da qualidade de vida”, reforça Caetano.
Com base em dados declarados pelas prefeituras, o IFGF analisa as contas de 5.129 municípios brasileiros e é composto pelos indicadores de Autonomia, Gastos com Pessoal, Investimentos e Liquidez. Após a análise de cada um deles, a situação das cidades é considerada crítica (resultados inferiores a 0,4 ponto), em dificuldade (resultados entre 0,4 e 0,6 ponto), boa (resultados entre 0,6 e 0,8 ponto) ou de excelência (resultados superiores a 0,8 ponto).
A análise dos indicadores revela que, em média, nas cidades do Norte Fluminense houve excelência em Gastos com Pessoal (0,8269 pontos) e alto nível de Liquidez (0,7257 pontos), sugerindo flexibilidade orçamentária e bom planejamento financeiro. O grande ponto de fragilidade da região está no nível crítico de Investimentos (0,3351 pontos) e na baixa autonomia das prefeituras (0,5116 ponto). No estado do Rio de Janeiro, foram avaliadas as contas de 83 municípios.
Na contramão da média das cidades brasileiras, que apresentaram situação fiscal mais favorável diante da conjuntura de 2024, a média dos municípios fluminenses foi pior, registrando 0,5587 ponto (gestão em dificuldade). Niterói tem gestão de excelência e é o único a alcançar nota máxima (1 ponto) no estudo. Macaé, com 0,9471 ponto, Angra dos Reis, com 0,8630 ponto, Volta Redonda, com 0,8433 ponto, e São João da Barra, com 0,8061 ponto, também têm classificação de excelência na gestão fiscal. A capital registra 0,7203 ponto (boa gestão).
Os dados de Carapebus não foram avaliados devido à indisponibilidade ou inconsistência nas informações declaradas.
Geração de receita local está entre os principais desafios dos municípios fluminenses
Na análise por indicadores, o de Autonomia apresenta o segundo pior resultado das cidades fluminenses, com 0,4373 ponto (gestão em dificuldade). O indicador mostra se as receitas oriundas da atividade econômica local suprem as despesas essenciais para o funcionamento da máquina pública municipal. A média fluminense revela a alta dependência das cidades por transferências – realidade muito próxima a observada no restante do país.
Já no indicador de Gastos com Pessoal, que aponta quanto os municípios gastam com o pagamento de pessoal em relação ao total da Receita Corrente Líquida, a média fluminense é de 0,7174 ponto (boa gestão). O resultado é influenciado pelo forte crescimento do orçamento total – e não pelo ajuste na folha de pagamentos, medida que atualmente não é possível por conta da legislação.
Apesar da média positiva, a análise individualizada revela que dezesseis prefeituras comprometem mais de 54% da receita com gastos com pessoal. Nesse grupo, cinco municípios (Cabo Frio, Engenheiro Paulo de Frontin, Itaguaí, São Sebastião do Alto e Seropédica) destinam mais de 60% da receita para esse tipo de despesa, ultrapassando o limite máximo determinado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
No IFGF Liquidez, que verifica se as prefeituras estão postergando pagamentos de despesas para o exercício seguinte sem a devida cobertura de caixa, os municípios fluminenses registram 0,7086 ponto (boa gestão), resultado também influenciado pelo aumento de receita total. Porém, mesmo nesse contexto, sete prefeituras fluminenses (Barra do Piraí, Comendador Levy Gasparian, Itaguaí, Mangaratiba, Porciúncula, Rio Bonito e Rio das Flores) têm nota zero no indicador por fecharem 2024 sem recursos em caixa para cobrir suas obrigações financeiras.
*Com informações da Firjan
2025-09-19 09:09:00