A Prefeitura de Maricá, em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, recebe representantes do Níger, Mali e Burkina Faso. Os países fazem parte da região chamada de Sahel, uma faixa do continente africano abaixo do Saara que vem experimentando levantes populares e militares contra a dependência francesa, num processo de “descolonização efetiva”. O encontro é uma troca de experiências e políticas sociais.
“Eles vieram para um curso de formação em política na Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST, em São Paulo, com representantes de vários países. É um processo de troca de experiências. Em Maricá, eles vieram conhecer experiências concretas que o movimento vem desenvolvendo. A cidade é importante por conta da parceria que acontece entre o movimento e a prefeitura no desenvolvimento de projetos que ajudam a melhorar a vida do povo”, explicou Jean Carlo Pereira, coordenador do MST-RJ.
A comitiva sob a bandeira da Confederação de Estados do Sahel é formada por Amina Hamani, do Níger, líder do Movimento Revolucionário das Mulheres Pan-africanas do Níger (Morfepan); Ibrahima Kebe, do Mali, coordenador da Escola Modibo Keïta; Inoussa Ganbaaga, de Burkina Faso, membro do Comitê Memorial Thomas Sankara (CIMTS) e participante dos Comitês de Defesa da Revolução entre 1983 e 1987; e Kounharè Dabire, também de Burkina Faso, Secretário-Geral da Coordenação Nacional das Associações de Vigilância Cidadã (CNAVC).
O grupo conheceu, nesta quinta-feira, o projeto “Sim, eu posso!”, com foco na erradicação do analfabetismo; o Hospital Municipal Dr. Ernesto Che Guevara; e o Horta em Casa, que incentiva a produção doméstica em parceria com a cooperativa Cooperar. A comitiva visita ainda, nesta sexta, a Praça Agroecológica de Araçatiba e o Banco Mumbuca.
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Para Amina Hamani, a luta por direitos une o Sahel e a América Latina:
“Antes de vir eu não conhecia a luta e a realidade da América Latina. Quando cheguei a São Paulo, encontrei irmãos e irmãs, negros e negras, que compartilham a mesma realidade. Foi muito emocionante encontrar essa luta tão parecida aqui, a luta pelos direitos, pelas liberdades, pelo acesso à terra. É a mesma coisa no Sahel e no meu país, o Níger”, explicou.
A luta por aqui, segundo os visitantes, é mais organizada. Esse tipo de conhecimento deve voltar na bagagem da comitiva do Sahel.
“As organizações populares aqui do Brasil me impressionaram muito. Como o MST, como a base se organiza. É realmente impressionante e eficaz. E não é uma questão de meios, mas uma questão de vontade de fazer”, finalizou Kounharè Dabire.
2025-09-18 20:10:00