Um hacker de 26 anos foi preso nesta terça-feira pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS) por suspeita de envolvimento no vazamento de dados de sistemas de governo e de segurança. As autoridades afirmam que as informações repassadas por ele foram utilizadas em diversas fraudes e crimes em todo o país, incluindo em ameaças contra o youtuber Felipe Bressanim, o Felca.
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O suspeito foi preso no estado de Pernambuco, no âmbito da terceira fase da Operação Medici Umbra, batizada de “A Fonte”. Mais de 50 agentes saíram às ruas para cumprir três mandados de prisão preventiva e três de busca e apreensão em Pernambuco, no Rio Grande do Norte e em São Paulo. O objetivo a ação é “desarticular a cúpula de um grupo criminoso de âmbito nacional, especializado em invasão de sistemas informáticos, estelionato eletrônico e falsificação de documentos”, segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
Uma das pessoas presas foi identificada pelo codinome “Jota”. As investigações apontaram que ele teria acesso a dados de investigações, reconhecimento facial e controle de voos domésticos e internacionais. Agentes apuram se o homem efetivamente obteve essas informações. Segundo o delegado Eibert Moreira, “várias bases de dados foram identificadas” no computador de Jota.
Segundo a PCRS, as fraudes se desenrolavam a partir de uma estrutura criminosa “altamente técnica e compartimentada” — da invasão de sistemas sensíveis até a ação direta contra as vítimas. Jota, classificado como “A Fonte”, ficava em Pernambuco e era o “o pilar técnico do grupo”.
“Ele afirmou em conversas que extraiu o sistema de busca de ativos e que teve acesso a 239 milhões de dados de chaves pix. Ele também relatou ter obtido dados sensíveis relacionados à segurança pública e inteligência e sistemas de trânsito em diversos estados”, diz nota da PCRS.
“A Fonte” vendia o acesso a essas informações para intermediários, que eram donos de painéis de consultas ilícitas dos dados obtidos nas invasões. O homem de 26 anos, inclusive, criou uma plataforma de “puxadas” (outro nome para as consultas ilegais de dados) em grupos de conversas, para atrair outros criminosos e vender acesso a informações sensíveis.
As investigações também levaram à identificação de um dos intermediários, apontado como administrador de plataformas de distribuição, no Rio Grande do Norte, e de um dos principais operadores logísticos e financeiros da ponta, ligado à execução direta de fraudes, residente em São Paulo. O alvo do Rio Grande do Norte também foi detido nesta segunda.
Em 25 de agosto, a Polícia Civil de São Paulo prendeu em Olinda (PE) um homem acusado de fazer ameaças ao youtuber e humorista Felca. Cayo Lucas, de 21 anos, tinha “conhecimento avançado” de informática e acesso a bancos de dados da polícia e do Judiciário. Segundo o delegado Eibert Moreira, Cayo Lucas comprou dados de Jota. Com as credenciais, ele conseguia obter informações sigilosas e até emitir mandados de busca e apreensão contra possíveis vítimas.
As investigações da Operação Medici Umbra começaram a partir de uma série de ataques e fraudes contra médicos no Rio Grande do Sul. As fases anteriores da ação miraram executores diretos dos crimes, segundo a PCRS. A análise do material apreendido, apurações com ferramentas tecnológicas e o rastreamento financeiro do grupo “permitiu à Polícia Civil ‘escalar’ a hierarquia do grupo”.
Segundo a PCRS, foram presos o indivíduo que invadia os sistemas de governo; os intermediários que compravam e os revendiam em plataformas ilícitas; e também executores diretos de variados crimes, geralmente fraudes eletrônicas.
2025-09-16 07:23:00