Carlinhos de Jesus fala sobre sua saúde e a vida na cadeira de rodas

Eu moro numa casa de três andares, uma cobertura, achei que ia ter que vender. Não subo e desço escada por recomendação médica. Subir é muito difícil para mim. Uma escada que alguém sobe em 10 segundos, eu levo 10


Eu moro numa casa de três andares, uma cobertura, achei que ia ter que vender. Não subo e desço escada por recomendação médica. Subir é muito difícil para mim. Uma escada que alguém sobe em 10 segundos, eu levo 10 minutos. Para descer, me sinto inseguro. Parece que vou rolar. Eu estou proibido de andar sem andador. Só posso andar sem andador com fisioterapeuta do lado, porque já cai três vezes e quase fraturei a perna. Eu não posso flexionar minha perna. Se eu flexionar, eu caio. Não tenho sustentação. É uma incógnita se tenho condição de recuperação e voltar a ser como antes, mas eu sinto que a cada dia eu estou bem. Hoje a minha perna esquerda está perfeita. Agora é só meu membro inferior direito que enfrenta problemas, mas eu sei que vou levantar dessa cadeira de rodas e não vou depender mais da cadeira, do andador, da bengala. Quando digo levantar da cadeira é não depender de nada disso. Não garanto que vou voltar a dançar, mas sei que volto a andar.

O que ajudou você a não sucumbir diante da possibilidade de não voltar a andar?

Após o susto inicial, comecei a pensar: o que posso fazer no estado que estou? Tenho que continuar trabalhar. Se eu ficar em casa, isso vai me consumir. Não posso ficar parado. O verbo parar, o estático não existe em minha vida. Já tinha acertado minha participação no Festival de Dança de Joinville antes da minha internação, mas não sabia se eles iam me querer lá com uma cadeira de rodas. Quando me disseram que faziam questão da minha presença, encarei isso como um sinal de eu tinha plenas condições de seguir em frente. Eu planejei quatro aulas de dança que daria no festival e decidi que ia fazer das rodas as minhas pernas. Vou te dizer: as quatro aulas que eu dei na cadeira de rodas fizeram mais sucesso que se eu estivesse andando. Dançar na cadeira foi uma sensação de liberdade.

Como tem sido a reação dos fãs?

Recebo diariamente milhares e milhares de mensagem. Vários médicos me mandam conselhos, dicas. Tem gente preocupada com meu estado que está mandando vibrações, energias, orações, eu estou muito feliz com esse carinho todo. Fãs das mais variadas religiões mandam rezas. Recebo até fumaça de preto velho pelo telefone.



Conteúdo Original

2025-09-15 06:05:00

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