Censura da internet no Nepal expõe riscos da regulação no Brasil

Em Katmandu, o bloqueio de 26 redes sociais — incluindo Facebook, Instagram, YouTube e X — sob o pretexto de combater fake news e discurso de ódio, mergulhou nesta semana o Nepal em sua pior crise política desde o fim


Em Katmandu, o bloqueio de 26 redes sociais — incluindo Facebook, Instagram, YouTube e X — sob o pretexto de combater fake news e discurso de ódio, mergulhou nesta semana o Nepal em sua pior crise política desde o fim da monarquia em 2008. No Brasil, o governo Lula defende medidas semelhantes, como a suspensão provisória de plataformas sem decisão judicial, utilizando os mesmos argumentos. Para críticos, o paralelo é claro: quando o Estado tenta silenciar a internet, a democracia é quem paga o preço.

A renúncia do primeiro-ministro KP Sharma Oli, após protestos que deixaram 19 mortos e mais de 400 feridos, escancarou o risco de governos usarem a regulação digital como ferramenta de controle. No Brasil, o governo tem defendido com veemência a regulação das redes sociais, alegando o combate à desinformação e ao discurso de ódio. Projetos em tramitação preveem até a suspensão provisória de plataformas sem decisão judicial — medida que, segundo críticos, abre margem para censura e perseguição política.

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Assim como no Nepal, o discurso oficial brasileiro foca em proteger usuários e combater abusos. Mas opositores denunciam tentativas de silenciar vozes dissidentes, especialmente após decisões do STF que ampliaram a responsabilização das plataformas.

A tensão no Brasil se agrava diante de uma conjuntura econômica delicada: inflação persistente, aumento da dívida pública e escândalos como a fraude bilionária no INSS, que movimentou R$ 6,3 bilhões em descontos indevidos a aposentados.

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Nepal: instabilidade política e legado da esquerda

Embora o Nepal não seja formalmente comunista, desde a abolição da monarquia em 2008 o país é governado por uma coalizão de partidos de esquerda — marxistas, maoístas e socialistas. A economia, no entanto, segue capitalista, sustentada em grande parte por remessas de trabalhadores no exterior. A fragmentação da esquerda e a sucessão de 13 primeiros-ministros em 17 anos revelam um sistema instável, corroído por corrupção e desemprego.

‘Bloqueiem a corrupção, não as redes sociais’

O slogan que ecoou pelas ruas de Katmandu sintetiza a indignação de uma geração conectada. O bloqueio foi visto como uma tentativa de silenciar críticas ao governo. A repressão policial, que incluiu uso de munição letal segundo a Anistia Internacional, transformou manifestações pacíficas em atos de fúria: o Parlamento foi incendiado, casas de ministros atacadas e até a esposa de um ex-premiê morreu carbonizada.

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Liberdade digital como termômetro democrático

O que une Katmandu e Brasília é a crescente percepção de que a liberdade digital virou campo de batalha político. A renúncia de Oli é um alerta global: quando governos tentam controlar o fluxo de informação sob o pretexto de proteger a sociedade, o risco é sufocar a própria democracia. E, como mostram os jovens nepaleses, silenciar uma geração conectada pode custar caro — politicamente e socialmente. A liberdade digital não é apenas um direito — é o alicerce da democracia moderna.



Conteúdo Original

2025-09-14 10:00:00

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