Homem denuncia policial militar por agressão em terminal do BRT: ‘Fui tratado como bandido’ | Rio de Janeiro

Um colega de Marco filmou o momento em que o PM aparece ao lado do passageiro algemado e ferido – Acervo pessoal Um colega de Marco filmou o momento em que o PM aparece ao lado do passageiro algemado e



Um colega de Marco filmou o momento em que o PM aparece ao lado do passageiro algemado e feridoAcervo pessoal

Rio – Um homem alega ter sido agredido por um policial militar a serviço do BRT Seguro. O ataque, de acordo com a vítima, ocorreu na quarta-feira passada (10), no Terminal Recreio, Zona Oeste do Rio. Segundo Marco Antônio Pedreira da Silva, de 25 anos, não houve justificativa para as agressões.

Questionado pela reportagem de O DIA, o BRT Seguro, por nota, informou que policiais realizavam patrulhamento pela estação quando avistaram “um indivíduo alterado, falando palavrões, xingando a equipe e dizendo que os agentes tinham que morrer”.

A texto salienta que o homem seguia em direção aos policiais, os ameaçando, o que demandou “uso diferenciado da força para contê-lo”. A coordenação do programa acrescenta ainda que vai verificar se houve eventual excesso por parte dos agentes.

Já a vítima garante que ainda tenta entender o porquê dos golpes: “Acredito que ele tenha feito o que fez por pensar em calote. Mas nem tinha como pensar isso porque ele estava do lado do rapaz com quem falei sobre o defeito na roleta”.

O ajudante de técnico de modernização de elevadores diz que havia saído do trabalho e tentava acessar o terminal, que faz parte de seu trajeto de volta para casa, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A primeira catraca escolhida, porém, não funcionou.

Depois de alertar um funcionário do BRT sobre o defeito, Marco se dirigiu a uma outra roleta, usou o celular para pagar a passagem e seguiu em frente. Neste momento, notou que o policial militar Daniel Godinho Vieira, integrante do BRT Seguro, caminhava logo atrás, o observando e rindo.

“Perguntei se ele tinha visto algo engraçado, e ele disse que eu tinha cara de palhaço. Até aí, eu não falei nada. Continuei na fila esperando o ônibus chegar”, disse. “Depois, a uns dois metros de distância e com os braços cruzados, ele perguntou: ‘Você está querendo levar um pau e não está sabendo pedir, não é, neguinho?’. Falou assim, até como uma forma de racismo. Quando ele repetiu essa frase, peguei o celular para gravar, já que ele é um servidor público”.

Foi neste momento que teriam começado as agressões: “Ele se alterou porque peguei o telefone, veio para cima de mim e começou a me agredir com o cassetete. Me deu duas pancadas na cabeça e quando foi dar mais uma, botei o braço. E continuou batendo”, relembra Marco, que está com o braço inchado, precisou levar seis pontos na cabeça e está afastado do trabalho devido aos ferimentos.

Em um vídeo gravado por um colega de trabalho, Marco aparece ajoelhado, com a mãos algemadas para trás e a cabeça ensanguentada. O PM está parado ao lado manuseando um celular, enquanto outros passageiros demonstram indignação com a cena.

Além das dores físicas, Marco destaca as feridas na autoestima: “O BRT estava lotado, todo mundo dizendo que sou trabalhador. Pelo vídeo, dá para ver que estou arrumado, com a mochila do meu lado. Ele me algemou e queria que eu me deitasse no chão, com a cabeça sangrando. Fui tratado como bandido. Eu não merecia aquilo. Foi o maior constrangimento”.

Marco ainda enfatiza ter realizado o pagamento da passagem: “Tenho o aplicativo do Jaé, com comprovante de que passei na roleta, tudo certinho. Passo por lá todo os dias, vou e volto, então não tenho necessidade de dar calote. Existem câmeras lá, tem polícia. Não sou nenhum doido de fazer isso”.

Na delegacia

Ainda segundo Marco, os envolvidos foram levados para a 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes), mas somente Daniel prestou depoimento. “Ele disse que eu havia falado que polícia tem que morrer. Mas se ele não tivesse pegado meu telefone e apagado o vídeo que fiz, daria para ver que não falei nada disso. Em nenhum momento, eu desacatei ou xinguei. Mesmo que tivesse desacatado, não seria motivo para ele fazer aquilo”, afirma Marco.

Além do testemunho incondizente ao que disse a vítima, o PM também teria alegado legítima defesa ao dizer que Marco teria partido em sua direção a fim de atacá-lo. O passageiro, entretanto, desmente: “Nem tem lógica eu ir para cima de um cara de dois metros de altura, com cassetete e armado”.

Somente nesta sexta (12) Marco conseguiu passar por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) na região central do Rio e depor na 42ª DP. A Polícia Civil se limitou a dar a resposta padrão por meio de nota, informando que “testemunhas são ouvidas e outras diligências estão em andamento para apurar os fatos”.

Marco pretende seguir com o caso adiante: “Não vou deixar isso para lá porque o que ele fez não está certo”.



Conteúdo Original

2025-09-13 15:03:00

Posts Recentes

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE