Nordeste: chacina escancara domínio do crime em cidade onde até o prefeito é foragido

Uma chacina ocorrida nesta semana em Choró, cidade do interior do Ceará com pouco mais de 12 mil habitantes, escancarou o avanço do crime organizado no interior do Nordeste. O episódio expõe uma realidade onde nem mesmo o prefeito eleito


Uma chacina ocorrida nesta semana em Choró, cidade do interior do Ceará com pouco mais de 12 mil habitantes, escancarou o avanço do crime organizado no interior do Nordeste. O episódio expõe uma realidade onde nem mesmo o prefeito eleito escapa impune: Bebeto Queiroz está foragido desde dezembro de 2024, acusado de envolvimento com uma organização denunciada por lavagem de dinheiro e crimes eleitorais.

E os sinais de colapso institucional não param por aí. Em fevereiro de 2024, o Ministério Público do Ceará denunciou um vereador de Choró e outros dois homens por homicídio em um posto de combustíveis no bairro Quixadá. No mês passado, dois criminosos foram condenados pela morte da influenciadora Kellma Ludymilla, de 20 anos, assassinada em abril de 2022. Segundo a polícia, ela foi alvo de ameaças por suposta ligação de um parente com um integrante de facção rival.

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Execuções em campo de futebol

Na noite da última terça-feira (9), quatro homens foram surpreendidos por atiradores armados durante uma partida de futebol em um campo da cidade. Três deles morreram no local e o quarto permanece hospitalizado. Entre os mortos estão um homem de 37 anos, com histórico de tentativa de homicídio, tráfico de drogas e porte ilegal de arma; um jovem de 20 anos, que já havia sido apreendido duas vezes por homicídio na adolescência; e outro jovem da mesma idade, sem antecedentes criminais. A identidade e o estado de saúde do sobrevivente ainda não foram divulgados.

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Prefeito eleito, mas nunca empossado

Desde que foi impedido de tomar posse, Bebeto Queiroz permanece em paradeiro desconhecido. Ele e o vice-prefeito eleito, Bruno Jucá Bandeira, foram alvos da Operação Vis Occulta, da Polícia Federal, que revelou um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo contratos fraudulentos com empresas de transporte escolar. O grupo teria movimentado mais de R$ 300 milhões em contratos suspeitos, com ramificações em dezenas de municípios cearenses.

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Crime organizado e poder político: um retrato do interior

A chacina desta semana não é um caso isolado. Especialistas apontam para um padrão crescente de violência no interior do Ceará, onde o crime organizado infiltra-se nas estruturas municipais e se fortalece em cidades pequenas, marcadas por fragilidade institucional. Choró tornou-se um símbolo desse colapso: uma cidade onde o crime não apenas domina as ruas, mas também influencia decisões políticas e administrativas.



Conteúdo Original

2025-09-11 06:00:00

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