Em uma jogada política que acendeu os holofotes e a indignação da população e do setor produtivo, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), exonerou quatro secretários municipais nesta terça-feira (9) para garantir maioria na Câmara dos Vereadores e aprovar o polêmico projeto de aumento da Cosip — a taxa de iluminação pública embutida na conta de luz dos cariocas.
A medida, publicada no Diário Oficial, é vista como uma tentativa explícita de empurrar o reajuste goela abaixo da população para financiar investimentos em segurança pública, justamente na véspera de sua possível candidatura ao governo do estado.
A manobra é encarada pela oposição como oportunismo político, já que a segurança pública — pauta central do projeto — foi negligenciada em todos os mandatos anteriores do prefeito.
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Duplicidade na cobrança e falta de transparência
A justificativa oficial para o aumento é a necessidade de financiar um novo sistema de videomonitoramento por câmeras e a criação da Força Municipal — uma tropa armada vinculada à prefeitura. A proposta, no entanto, gerou forte reação de entidades como Firjan, CDL-RJ e HotéisRio, que acusam o governo de duplicidade de cobrança e falta de transparência.
O projeto de lei nº 971/2025, enviado pelo Executivo, prevê aumentos que variam de 40,3% para imóveis residenciais até impressionantes 1.270% para grandes consumidores, como indústrias. Famílias de baixa renda, que consomem até 100 kWh por mês, permaneceriam isentas. Segundo estudo do gabinete do vereador Pedro Duarte (Novo), uma família de classe média pode ver sua Cosip saltar de R$ 13,86 para R$ 24,15 mensais.
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Dança das cadeiras para garantir votos
Para garantir a aprovação do projeto, Paes exonerou Tainá de Paula (Meio Ambiente), Felipe Michel (Envelhecimento Saudável), Luiz Carlos Ramos (Proteção e Defesa dos Animais) e Márcio Santos (Economia Solidária), que reassumem seus mandatos de vereador e reforçam a tropa de choque governista.
Além das secretarias, houve mudanças em cargos estratégicos de autarquias e empresas públicas, como a presidência da Rio-Urbe, agora ocupada por Cristiano Conceição de Siqueira.
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Oposição denuncia atropelo e falta de critérios
A tramitação do projeto foi adiada após pedido de vistas do vereador Pedro Duarte, presidente da Comissão de Assuntos Urbanos, que criticou a ausência de critérios técnicos claros e alertou para o impacto econômico sobre famílias e empresas. A Rio Indústria também se posicionou contra o aumento, pedindo audiências públicas e estudos técnicos que justifiquem a medida.
Com a Câmara em ebulição e a população às vésperas de um possível aumento na conta de luz, Eduardo Paes aposta alto: quer mostrar força política e capacidade de investimento em segurança — mas pode pagar caro se a conta for cobrada nas urnas.
2025-09-09 09:13:00