Miriam Leitão: o que explica o bloqueio de compra do banco Master?
O Banco de Brasília (BRB) informou na noite desta sexta-feira (5) que ainda não teve acesso ao processo que fundamentou a decisão do Banco Central do Brasil (BC) de rejeitar a operação de compra do Banco Master.
Em comunicado ao mercado, o banco estatal afirmou que só depois de ter acesso integral aos documentos poderá “avaliar, de forma técnica e fundamentada, as alternativas cabíveis”.
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“Deste modo, a Companhia reitera que, tão logo tenha acesso às informações necessárias e delibere sobre o assunto, manterá o mercado e seus acionistas devidamente informados, em observância à sua Política de Divulgação de Atos e Fatos Relevantes e à Resolução CVM nº 44/2021”, escreveu a instituição.
O novo documento foi divulgado após notícias de que o BRB teria desistido de recorrer da decisão do BC de vetar a compra do Banco Master.
Na terça-feira (3), o BRB já havia informado que solicitou ao Banco Central a íntegra da decisão, para “analisar as alternativas cabíveis”. Na ocasião, afirmou que manteria o mercado atualizado sobre o caso e classificou a compra do Banco Master como estratégica.
“O BRB reitera seu posicionamento de que a transação representa uma oportunidade estratégica com potencial de geração de valor para o BRB, seus clientes, o Distrito Federal e o Sistema Financeiro Nacional”, diz o texto.
Em nota, o Banco Master também informou que aguardava ter acesso à íntegra do documento “para avaliar seus fundamentos e examinar as alternativas cabíveis”.
“O banco continua confiante na sua estratégia e na sua operação, que fizeram com que se destacasse num mercado altamente concentrado”, diz a instituição.
Até a última atualização desta reportagem, o Banco Central não havia se manifestado publicamente sobre a decisão.
A reprovação pelo BC foi anunciada após mais de cinco meses de análise, embora a autoridade monetária ainda tivesse quase um ano de prazo para concluir a avaliação da operação.
O acordo entre as partes, anunciado em março, previa que o BRB adquirisse 49% das ações ordinárias, 100% das preferenciais e 58% do capital total do Master — banco que preocupou o mercado por sua estratégia de captação arriscada. (leia mais abaixo)
O BRB é uma sociedade de economia mista, de capital aberto, controlada majoritariamente pelo governo do Distrito Federal (71,92%). A instituição atua em todo o DF e também está presente no Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Paraíba.
A aprovação pelo BC seria o último passo para a conclusão do negócio, já que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) havia dado o aval à operação em junho.
A negociação vem sendo acompanhada pelo Ministério Público do DF. Após questionamentos do MP, a Justiça determinou que a compra fosse aprovada pela Câmara Legislativa do DF. No mês passado, o governador do DF, Ibaneis Rocha, sancionou o aval da Casa à aquisição do Banco Master pelo BRB.
Pressão sobre o BC
A decisão do BC ocorreu um dia após líderes do Centrão na Câmara dos Deputados apresentarem um pedido de urgência para um projeto de lei que permitiria ao Legislativo demitir diretores da autoridade monetária. O requerimento foi feito pelo deputado Claudio Cajado (PP-BA).
A medida foi interpretada como uma forma de pressão de parlamentares para aprovar o negócio. O dono do banco Master, interessado na operação, é bem relacionado com os líderes do Centrão, analisou Miriam Leitão, e o aspecto político também estaria influenciando o caso.
Nesta quarta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, manifestou preocupação com o projeto.
“[Vejo] com preocupação, porque não foi conversado conosco, com o governo de uma maneira geral. E eu imagino que nem com o Banco Central […] Eu realmente não vejo nenhuma razão para esse projeto, não vejo nenhum motivo para ele caminhar”, disse.
Haddad defendeu que o Banco Central passe a ter autonomia administrativa, mas que não passe a ser uma pessoa jurídica de direito privado, conforme consta na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 65, de 2023.
“Penso que o BC tem de ter orçamento próprio para fazer frente a despesas que hoje ele não tem orçamento para fazer, dentre as quais o fortalecimento da parte regulatória”, acrescentou.
A estratégia arriscada do Banco Master
O Banco Master cresceu nos últimos anos, mas com uma estratégia de captação de recursos considerada arriscada por analistas do mercado.
O banco oferecia CDBs (Certificado de Depósito Bancário) com taxas muito acima das praticadas por outras instituições, atraindo investidores com base na proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
🔎 O FGC, que protege até R$ 250 mil por investidor, oferece garantia em caso de falência de um banco associado. O fundo é formado pelas próprias instituições financeiras — ou seja, trata-se de um fundo privado que assegura os recursos dos investidores.
Portanto, o FGC torna o investimento mais seguro para quem aplica dinheiro em uma instituição associada, enquanto a própria instituição consegue atrair mais recursos graças a esse mecanismo.
A prática, considerada de alto risco, levou o BC e o Conselho Monetário Nacional (CMN) a aprovar, no mês passado, novas regras sobre o FGC. (leia mais aqui)
Na ocasião, o Banco Central informou à TV Globo que o objetivo das novas regras é “reduzir risco moral ocasionado por instituições que adotam estratégias de captação excessivamente alavancadas e baseadas em captações asseguradas”.
A norma entra em vigor em 1º de junho de 2026, com um período de adaptação.
O modelo de negócio do Master, que inclui ainda investimentos em ativos de baixa liquidez, como precatórios e participações em empresas, gerou dúvidas no mercado sobre a saúde financeira do banco.
Agências do Banco Master e do Banco de Brasília.
Banco Master/Divulgação e Paulo H. Carvalho/Agência Brasília
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