Trabalhadores agrícolas migrantes seguem para colheita em Fresno, Califórnia, em 18 de julho de 2025.
AP/Damian Dovarganes
Mais de 1,2 milhão de imigrantes deixaram a força de trabalho dos Estados Unidos entre janeiro e julho, mostram dados preliminares do Censo analisados pelo Pew Research Center. O número inclui tanto imigrantes em situação irregular quanto residentes legais.
Os imigrantes correspondem a quase 20% da força de trabalho nos EUA. De acordo com a pesquisadora sênior Stephanie Kramer, do Pew, eles representam 45% dos trabalhadores na agricultura, pesca e silvicultura, cerca de 30% na construção civil e 24% no setor de serviços.
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A diminuição ocorre justamente quando o país registra a primeira queda na população imigrante em geral, depois que o número de pessoas em situação irregular atingiu o recorde de 14 milhões em 2023.
“Não está claro quanto dessa queda desde janeiro se deve a saídas voluntárias em busca de novas oportunidades ou à tentativa de evitar deportações, remoções, subnotificação ou outros problemas técnicos”, afirmou Kramer.
“Ainda assim, acreditamos que os números preliminares, que indicam migração líquida negativa, refletem suficientemente a realidade para não comprometer a tendência observada.”
O presidente dos EUA, Donald Trump, fez campanha prometendo deportar milhões de imigrantes em situação irregular. Ele afirma que concentra os esforços em “criminosos perigosos”, mas a maioria dos detidos pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) não tem condenações criminais. Ao mesmo tempo, o número de entradas ilegais pela fronteira caiu com suas políticas.
Pia Orrenius, economista do Federal Reserve de Dallas, disse que imigrantes normalmente respondem por pelo menos 50% do crescimento do emprego nos EUA.
“O fluxo na fronteira, pelo que podemos perceber, basicamente parou — e foi daí que vieram milhões de migrantes nos últimos quatro anos”, afirmou. “Isso teve um enorme impacto na capacidade de gerar empregos.”
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‘Colheitas ficaram no campo’
Em McAllen, no Texas, na fronteira com o México, plantações de milho e algodão estão prestes a ser colhidas. Elizabeth Rodriguez teme que faltem trabalhadores para operar descaroçadores e outras máquinas após a colheita.
Fiscalizações do ICE em fazendas, empresas e canteiros de obras paralisaram tudo, disse Rodriguez, diretora de defesa dos trabalhadores rurais no National Farmworker Ministry.
“Em maio, no auge da safra de melancia e melão, houve atrasos. Muitas colheitas ficaram no campo”, relatou.
No condado de Ventura, na Califórnia, ao noroeste de Los Angeles, Lisa Tate administra o negócio da família, que cultiva frutas cítricas, abacates e café em oito propriedades com 800 acres (323 hectares).
A maioria dos trabalhadores são diaristas contratados por prestadoras de serviço. Houve dias, neste ano, em que as equipes apareceram reduzidas. Tate evita atribuir isso diretamente às políticas de imigração, mas reconhece que o medo de operações do ICE se espalhou rápido.
Dezenas de trabalhadores da região foram presos no fim da primavera.
“Pessoas estavam sendo levadas de lavanderias, de beiras de estrada”, contou Tate.
Lidia, a trabalhadora rural que falou à AP com ajuda de um intérprete, disse que seu maior temor é ser enviada de volta ao México. Hoje com 36 anos, ela é casada e tem três filhos em idade escolar, todos nascidos nos EUA.
“Não sei se conseguiria levar meus filhos”, disse Lidia. “Também me preocupa muito ter que começar do zero. Minha vida inteira foi nos Estados Unidos.”
Trabalhadores rurais migrantes colhem vegetais em Fresno, na Califórnia, em registro de 18 de julho de 2025.
AP/Damian Dovarganes
Da construção civil à saúde
Os canteiros de obras em McAllen e arredores também “estão completamente parados”, disse Rodriguez.
“Temos uma grande força de trabalho não documentada”, afirmou. “Vimos o ICE mirando especialmente em obras de construção e tentando fiscalizar oficinas mecânicas e de reparo.”
O número de empregos na construção caiu em cerca de metade das áreas metropolitanas dos EUA, segundo análise da Associated General Contractors of America baseada em dados oficiais. A maior perda foi na região de Riverside-San Bernardino-Ontario, na Califórnia, com 7,2 mil postos a menos. Em Los Angeles-Long Beach-Glendale, a queda foi de 6,2 mil empregos.
“O emprego na construção parou ou recuou em muitas regiões por diversos motivos”, disse Ken Simonson, economista-chefe da associação.
“Mas empreiteiras relatam que contratariam mais gente se houvesse trabalhadores qualificados e dispostos, e se a fiscalização imigratória não estivesse prejudicando a oferta de mão de obra.”
Kramer, do Pew, também alerta para o impacto potencial na saúde. Segundo ela, imigrantes representam cerca de 43% dos cuidadores domiciliares.
O Service Employees International Union (SEIU) representa cerca de 2 milhões de trabalhadores na saúde, no setor público e em serviços prediais. Na Califórnia, aproximadamente metade dos cuidadores de longo prazo filiados ao SEIU 2015 são imigrantes, disse Arnulfo De La Cruz, presidente do sindicato local.
“O que vai acontecer quando milhões de americanos não conseguirem mais encontrar cuidadores?” questionou De La Cruz. “O que acontece quando não houver imigrantes para colher nossas lavouras? Quem vai atender nossos hospitais e lares de idosos?”
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