COP30: PF mira lavagem de dinheiro e abala governo de cotado para vice de Lula

BELÉM — Um suposto esquema milionário de lavagem de dinheiro envolvendo contratos públicos e obras da COP30, conferência climática da ONU marcada para novembro em Belém, está no centro de uma investigação da Polícia Federal que abala os bastidores do


BELÉM — Um suposto esquema milionário de lavagem de dinheiro envolvendo contratos públicos e obras da COP30, conferência climática da ONU marcada para novembro em Belém, está no centro de uma investigação da Polícia Federal que abala os bastidores do governo do Pará, sob a gestão de Hélder Barbalho (MDB), cotado para ser vice de Lula em 2026.

Segundo documentos obtidos pela PF, um grupo armado que seria liderado pelo deputado federal Antonio Leocádio dos Santos, o Antônio Doido (MDB-PA), e coordenado pelo coronel da PM Francisco Galhardo, teria exercido influência direta sobre o comandante-geral da Polícia Militar e dois secretários estaduais.

Saques milionários e reuniões suspeitas

A PF identificou saques em espécie que somam R$ 48,8 milhões em apenas um ano, retirados das contas da empreiteira J A Construcons, que recebeu R$ 633 milhões do governo estadual entre 2020 e 2024. A empresa, cuja sócia formal é Andrea Dantas — esposa de Antônio Doido — assinou contratos que incluem R$ 123,4 milhões para obras em canais e ruas de Belém no contexto da COP30.

Mensagens interceptadas revelam que Galhardo teria levado R$ 180 mil em espécie para reuniões na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), com possível presença do deputado. A PF também aponta tentativas de entrega de valores ao secretário de Obras, Benedito Ruy Cabral, diretamente pelo banco de trás de um carro, após saques milionários.

Influência sobre a Polícia Militar

Conversas de WhatsApp analisadas pela PF mostram que Galhardo tratava diretamente com o comandante-geral da PM, José Dilson Melo Júnior, sobre nomeações, punições e deslocamentos de policiais — inclusive para fins político-eleitorais em favor de Doido.

Segundo a polícia, em uma das mensagens, o coronel sugere “pedrar” dois policiais, ou seja, transferi-los para cidades distantes, por atuarem em favor de adversários políticos.

Secretários na mira

Além de Cabral, o secretário de Administração Penitenciária, Marco Antonio Sirotheau, também aparece nos documentos. Ele teria atendido a pedido de Doido para evitar a transferência de um detento, embora o governo afirme que a decisão seguiu critérios técnicos.

Reações e investigações

O Governo do Pará nega qualquer irregularidade e afirma que todas as contratações seguem rigorosamente os processos licitatórios. A Polícia Militar, por sua vez, diz que movimentações de efetivo obedecem a critérios institucionais como recomposição e aposentadorias.

O coronel Galhardo foi preso, mas responde ao processo em liberdade. Um inquérito foi aberto no Supremo Tribunal Federal devido ao foro privilegiado de Antônio Doido. Nem o deputado, nem sua esposa, nem seus advogados se manifestaram até o momento.

  • Com informações da Folha de S.Paulo.



Conteúdo Original

2025-08-26 10:17:00

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