Montagem mostra Lisa Cook e Donald Trump
SAUL LOEB and ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de demitir Lisa Cook do conselho de governadores do Federal Reserve (Fed) nesta segunda-feira (25) marca um episódio inédito na história recente do banco central americano.
A medida representa mais um passo na escalada de ataques do republicano à autonomia da instituição, considerada um dos pilares da estabilidade econômica do país.
Lisa Cook, que ocupava uma das sete cadeiras do Conselho, foi afastada sob alegações de irregularidades, mas contesta a legalidade da decisão.
Isso porque, segundo a estrutura legal do Fed, o presidente dos EUA não tem autoridade direta para demitir membros do Conselho sem a comprovação de uma falta grave.
A tentativa de remoção sem o devido processo levanta preocupações sobre a integridade institucional do banco central.
Paul Donovan, economista-chefe do UBS, alerta que o Fed pode ser o próximo “bode expiatório” econômico — em que se culpa um único grupo pela insegurança econômica. Segundo ele, no início deste ano, a política dos EUA havia focado em “a culpa é toda dos estrangeiros”.
“Embora a maioria dos eleitores dos EUA tenha apenas uma compreensão vaga do que é o Fed, ele é um bode expiatório conveniente para a fraqueza econômica. Desafiar a independência do Fed terá consequências econômicas negativas.”
Por que a demissão é inédita?
A demissão de um membro do Conselho de Governadores do Fed por iniciativa direta do presidente é algo sem precedentes.
A estrutura do Federal Reserve foi desenhada justamente para proteger a política monetária de pressões políticas.
Seus membros têm mandatos longos e escalonados, e não podem ser autoridades eleitas ou integrantes do Executivo — o que garante estabilidade e continuidade nas decisões econômicas.
Além disso, o Fed não depende do orçamento do Congresso e não submete suas decisões ao aval do presidente ou do Legislativo.
Essa independência permite que o banco central possa atuar com foco em objetivos de longo prazo, como pleno emprego e estabilidade de preços, sem ceder a interesses eleitorais ou conjunturais.
Como funciona o Federal Reserve?
O Federal Reserve é composto por três entidades principais:
Conselho de Governadores: com sede em Washington, D.C., é formado por sete membros indicados pelo presidente e aprovados pelo Senado. Supervisiona os 12 Bancos de Reserva regionais e participa das decisões de política monetária.
Bancos de Reserva Regionais: espalhados por 12 distritos nos EUA, atuam como braços operacionais do sistema.
Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC): responsável por definir a política monetária, como a taxa de juros, é composto pelos membros do Conselho e por presidentes dos Bancos Regionais.
O Fed também presta contas ao Congresso por meio de relatórios semestrais, depoimentos públicos e divulgação de atas e balanços auditados, mantendo um equilíbrio entre autonomia técnica e responsabilidade pública.
Riscos à credibilidade
A tentativa de Trump de intervir diretamente na composição do Conselho do Fed levanta alertas sobre a politização da política monetária.
A credibilidade do banco central americano — considerado o mais poderoso do mundo — está ancorada justamente em sua capacidade de tomar decisões técnicas, livres de interferência política.
Especialistas alertam que ações como essa podem desestabilizar os mercados financeiros, especialmente em um contexto já sensível, como o impacto de tarifas comerciais.
Donald Trump demite diretora do FED
*Com informações das agências Reuters e AFP.
Conteúdo Original
Quem é Rogéria Bolsonaro, ex-mulher de Jair Bolsonaro, feita refém em assalto à casa da família em Resende
Rogéria Nantes Braga Bolsonaro, de 65 anos, é a primeira…