Em uma operação conjunta entre as polícias civis de São Paulo e Pernambuco, um homem identificado como Cayo Lucas, de 21 anos, foi preso em Olinda (PE) sob acusações graves: além de ameaçar de morte o influenciador Felca, ele teria lucrado com a venda de vídeos e imagens de vítimas de estupro virtual, segundo as autoridades.
Felca, nome artístico de Felipe Bressanim Pereira, é conhecido por seu trabalho como humorista e youtuber, com mais de 5 milhões de inscritos. Recentemente, ele se tornou alvo de ameaças após publicar um vídeo denunciando a adultização de crianças nas redes sociais e o fenômeno do sharenting — quando pais expõem excessivamente seus filhos online.
O que é estupro virtual?
O termo “estupro virtual” não está tipificado no Código Penal brasileiro, mas é usado para descrever situações em que há violência sexual praticada por meios digitais, como:
– Coerção de vítimas a se exporem sexualmente em chamadas de vídeo ou mensagens.
– Divulgação não autorizada de imagens íntimas.
– Manipulação psicológica para obtenção de conteúdo sexual.
– Invasão de dispositivos para roubo de material íntimo.
Essas práticas podem configurar crimes como estupro, pornografia infantil, invasão de dispositivo informático e extorsão, dependendo do caso.
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Ameaças e perseguição
Segundo a Polícia Civil de São Paulo, Cayo Lucas usava e-mails anônimos para enviar ameaças de morte e falsas acusações de pedofilia contra Felca. A Justiça autorizou a quebra de sigilo dos dados do remetente, obrigando o Google a fornecer informações como IP e dados cadastrais em até 24 horas.
Durante a prisão, o computador do suspeito estava aberto na plataforma da Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco, o que levantou suspeitas sobre possível acesso indevido a sistemas oficiais. Outro homem que estava com ele também foi detido por suspeita de invasão de dispositivo informático, crime previsto no artigo 154-A do Código Penal.
Medidas de proteção
Felca relatou que passou a circular com carro blindado e segurança particular em São Paulo, onde mora, após receber as ameaças. Em entrevista ao podcast PodDelas, ele afirmou: “Mergulhei num lamaçal. Dá vontade de chorar, de vomitar. Mas se ninguém fala, ninguém vai falar”.
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Repercussão e alerta
O caso reacende o debate sobre a segurança digital, os direitos das crianças na internet e os riscos da exposição excessiva. A juíza responsável pelo caso alertou:
“Quando pais postam fotos dos filhos em redes sociais, estão entregando esse material de bandeja para predadores sexuais”.
A investigação segue em curso para identificar outros envolvidos e aprofundar os desdobramentos dessa rede de crimes digitais.
Enquanto isso, o episódio serve como alerta para os perigos que se escondem por trás das telas — e para a urgência de políticas públicas que protejam os mais vulneráveis não apenas no ambiente virtual.
2025-08-25 11:56:00