Enquanto milhões de brasileiros com obesidade e diabetes tipo 2 foram deixados sem acesso ao medicamento Ozempic pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o governo federal gastou R$ 4,64 bilhões em viagens oficiais apenas nos dois primeiros anos do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
Esse valor seria suficiente para bancar a inclusão do Ozempic no SUS por cinco anos — estimada em R$ 4,1 bilhões — e ainda sobraria cerca de R$ 540 milhões.
O contraste se torna ainda mais evidente quando comparado ao governo anterior: os gastos com viagens oficiais de Lula já superaram todo o montante gasto durante os quatro anos da gestão Bolsonaro, segundo dados da CGU e do Portal da Transparência.
Sem o remédio, pacientes são empurrados para a fila da cirurgia bariátrica — um procedimento complexo, com riscos significativos e longas esperas.
Enquanto o povo espera, o governo voa alto
Em 2025, os números continuam em disparada: até junho, o governo já havia comprometido mais de R$ 604 milhões apenas com viagens, sem contar os custos com jatos da Força Aérea Brasileira usados por Lula, Janja e ministros.
A Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) gastou R$ 6,9 milhões para acompanhar o presidente em agendas internacionais. Foram 35 países visitados, incluindo eventos como desfiles de moda em Paris e fóruns realizados em hotéis de luxo. Para efeito de comparação: R$ 6,9 milhões dariam para custear mais de 11 mil tratamentos mensais com Ozempic, considerando o preço médio de mercado.
Ozempic vetado: pacientes empurrados para a cirurgia
Nesta semana, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), ligada ao Ministério da Saúde, rejeitou a inclusão dos medicamentos à base de semaglutida e liraglutida — como Ozempic, Wegovy e Saxenda — alegando alto custo e restrição orçamentária.
Mesmo após pareceres técnicos favoráveis e consulta pública, o tratamento foi barrado. Sem acesso ao medicamento, milhares de pacientes terão como única alternativa a cirurgia bariátrica — um procedimento invasivo, com riscos e tempo de espera elevado. A demanda por esse tipo de cirurgia deve crescer exponencialmente com a exclusão dos medicamentos.
Déficit fiscal e o fracasso no controle de gastos
A justificativa oficial para barrar o Ozempic é clara: falta de dinheiro. Mas essa escassez é resultado direto do desequilíbrio fiscal que assola o país. O déficit primário projetado para 2025 gira em torno de R$ 70 bilhões, enquanto o déficit total pode ultrapassar R$ 387 bilhões, segundo estimativas do Tesouro Nacional.
O governo, que prometeu responsabilidade fiscal com o novo arcabouço, já recorre a manobras contábeis para maquiar os números. Gastos bilionários são excluídos artificialmente da meta, enquanto a dívida pública se aproxima de 80% do PIB.
Impostos altos, retorno baixo
O brasileiro paga uma das maiores cargas tributárias do mundo — mais de 33% do PIB — mas continua sem ver retorno proporcional em serviços essenciais. A exclusão do Ozempic do SUS é mais um exemplo de como o cidadão financia um Estado que prioriza deslocamentos e cerimônias, enquanto negligencia tratamentos que poderiam salvar vidas.
Lula voa alto, mas deixa o povo no chão
A decisão de barrar o Ozempic escancara o abismo entre o que o governo gasta e o que a população precisa. Enquanto bilhões são destinados a viagens e eventos internacionais, pacientes enfrentam filas, dores e riscos. O contraste entre prioridades não é apenas técnico — é moral.
2025-08-24 00:30:00