O caso de Nayra Gabrielly, jovem de 20 anos que viralizou nas redes sociais após relatar sua rotina na prisão, tornou-se um símbolo inquietante de três fenômenos que se entrelaçam no Brasil atual: a impunidade, a reincidência criminal e a crescente glamourização do crime — todos agravados pela legislação ultrapassada e por políticas de desencarceramento que ganharam força no governo Lula.
Da cela ao TikTok: a ascensão de uma ‘influencer penitenciária’
Após ser presa em outubro de 2023 com 36 quilos de maconha em um ônibus interestadual, Nayra passou cinco meses detida. Ao sair, a ré confessa transformou sua experiência carcerária em conteúdo viral no TikTok, com vídeos que mostravam desde “etiqueta na cela” até “como fazer amizades na cadeia”.
A estética informal e o tom bem-humorado já renderam mais de 85 mil seguidores e milhões de visualizações — uma audiência que cresceu à sombra de um crime ainda não julgado.
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Reincidência e nova prisão: o ciclo que se repete
Em julho de 2025, Nayra foi novamente presa ao tentar entrar na CPPL II, em Itaitinga (CE), com drogas escondidas nas partes íntimas. O flagrante incluiu 48 gramas de maconha e 118 comprimidos de Rohypnol, destinados a um detento ligado a facção criminosa.
Apesar da gravidade, ela foi solta apenas 12 dias depois, com tornozeleira eletrônica — decisão que gerou revolta e levou o Ministério Público a recorrer pela prisão preventiva.

Impunidade institucionalizada: quando o crime compensa
A soltura de Nayra, mesmo após reincidência e tentativa de tráfico dentro de um presídio, expõe uma falha estrutural: a legislação penal brasileira, marcada por excessos garantistas e políticas de desencarceramento, tem enfraquecido a resposta do Estado ao crime.
Sob o governo Lula, essas diretrizes ganharam novo impulso, com foco na redução da população carcerária e flexibilização de penas — medidas que, segundo críticos, têm alimentado a sensação de que o crime compensa.
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Glamourização do crime: entre likes e leniência
O sucesso de Nayra nas redes sociais não é um caso isolado. A estética da “vida bandida” — com vídeos que misturam humor, ostentação e normalização da criminalidade — encontra terreno fértil em plataformas digitais e pouca resistência institucional.
Outros nomes como Oruam — rapper que frequentemente exalta a estética da vida criminosa em suas letras e redes sociais — também contribuem para a glamourização do crime entre jovens.
A normalização de símbolos ligados ao tráfico e à violência, muitas vezes tratados como estilo de vida ou resistência, encontra respaldo em um cenário onde a punição é branda e a cultura digital transforma transgressão em influência.
Esse fenômeno, que ganhou ainda mais fôlego sob políticas de desencarceramento e discursos permissivos do governo Lula, escancara a crise moral e institucional que atravessa o país, onde a bandidolatria, contribui para a romantização da criminalidade, especialmente entre jovens.
Um espelho da crise penal brasileira
Nayra Gabrielly não é apenas uma influencer que viralizou com histórias da prisão. Ela é o reflexo de um sistema penal fragilizado, onde a reincidência não impede a liberdade, e onde o crime — embalado por algoritmos e discursos lenientes — parece ser recompensado.
Em tempos de likes e legislação ultrapassada, o Brasil enfrenta o desafio de reverter a narrativa de que infringir a lei é apenas mais um caminho para a fama.
2025-08-23 04:00:00