Suécia move igreja histórica de lugar para salvá-la de afundamento do solo
Uma das referências mais emblemáticas na área de transporte na Europa, a ponte de Öresund, que liga a Dinamarca à Suécia, está comemorando 25 anos. Mas, apesar de seu enorme impacto nos negócios da região, os desafios permanecem.
Oskar Damkjaer, de 28 anos, está em uma plataforma dentro da estação de trem de tijolos vermelhos do século 19 em Malmö.
Ele mora na capital dinamarquesa, Copenhague, e atravessa a ponte de Öresund duas vezes por semana para chegar à terceira maior cidade da Suécia, em uma viagem de 40 minutos para o trabalho em um trem de alta velocidade.
“As pessoas acham que é um grande acontecimento se deslocar para outro país”, diz o engenheiro de software que trabalha para a Neo4j, uma empresa de banco de dados fundada na Suécia. “Eu diria que é bastante conveniente.”
Do outro lado da ponte, em Copenhague, Laurine Deschamps está sentada no elegante e minimalista escritório da empresa dinamarquesa de games IO Interactive.
Ela trabalhava antes para um estúdio de games sueco em Malmö, e decidiu continuar morando lá quando conseguiu um emprego na sede da IO Interactive em Copenhague, para onde se desloca quatro vezes por semana.
“Algumas pessoas escolheriam [morar em] Copenhague, para estar em uma capital movimentada, com muitas atividades”, diz a gerente de marca global.
“Eu prefiro muito mais Malmö — é uma cidade em escala humana, você pode ir a pé para qualquer lugar.”
Laurine Deschamps mora em Malmö e trabalha em Copenhague
Maddy Savage via BBC
Uma ligação histórica entre dois países
As histórias de Damkjaer e Deschamps são a personificação do que os governos da Suécia e da Dinamarca imaginaram quando assinaram um acordo em 1991 para construir uma ligação permanente pelo Estreito de Öresund.
O objetivo era tornar as viagens mais rápidas e fáceis (antes, o trajeto era feito por meio de balsas ou voos de curta distância), melhorar a integração regional e impulsionar o crescimento econômico.
A obra custou 30 bilhões de coroas dinamarquesas (US$ 4,3 bilhões), e foi concluída em cinco anos.
Um quarto de século após sua construção, continua sendo a ponte rodoviária e ferroviária mais extensa da União Europeia, medindo 16 quilômetros, incluindo uma seção de túnel.
Ponte de Öresund
BBC News
A jornada oferece aos passageiros vistas cinematográficas sobre a água, e seus pilares gigantescos de metal são impressionantes. A infraestrutura inspirou uma das séries de TV de maior sucesso da Escandinávia, o drama policial The Bridge, que foi um sucesso mundial na década de 2010.
Os dados divulgados em maio pelo Öresundsinstitutet, um instituto de pesquisa independente da região, destacam o impacto mais amplo que a ponte teve nas tendências de transporte e negócios, ao completar 25 anos.
O número de pessoas que se deslocam diariamente entre os dois países aumentou mais de 400% (embora seja difícil fazer comparações exatas devido às mudanças nos métodos de coleta de dados).
O número de suecos e dinamarqueses que se mudam para o outro lado da ponte aumentou mais de 60%.
Além disso, a conexão ajudou milhares de pessoas a abrir negócios na outra margem.
Houve um aumento de 73% nesse tipo de empresa, de acordo com dados do Öresundsinstitutet.
“Temos essa oportunidade única de poder ir e vir”, diz Sandra Mondahl, gerente da IO Interactive, que ajudou a lançar o estúdio irmão da empresa em Malmö em 2019.
“Me sinto muito empoderada por poder contribuir para o desenvolvimento de ambos os mercados de desenvolvimento de games — na Dinamarca e na Suécia”, diz a jovem de 33 anos, que é natural de Copenhague.
Oskar Damkjaer considera o trajeto entre Copenhague e Malmö conveniente
Maddy Savage
A pesquisa do Öresundsinstitutet também sugere que mais de 100 empresas transferiram suas sedes suecas ou escritórios especializados para Malmö desde a inauguração da ponte, criando milhares de novas oportunidades de emprego na antiga cidade industrial.
Entre elas, estão partes do Grupo Ikea e o Ikano, um banco sueco.
“Muitas grandes empresas dinamarquesas também instalaram seus escritórios suecos em Malmö, em vez de Estocolmo [capital da Suécia] — grandes empresas farmacêuticas, por exemplo”, diz o CEO do Öresundsinstitutet, Johan Wessman.
A pesquisa do instituto sugere que, além do melhor acesso a uma maior oferta de mão de obra qualificada em ambos os lados do Estreito de Öresund, Malmö é atraente para os empresários devido à disponibilidade de escritórios modernos em áreas recém-desenvolvidas perto de suas estações, e sua proximidade com o aeroporto internacional de Copenhague.
A Ponte de Öresund também desempenhou um papel importante na promoção da inovação na região.
Malmö registrou um aumento no número de novas startups de tecnologia e empresas de ciências da vida.
Uma pesquisa da Universidade de Lund, na Suécia, publicada em 2022, mostrou que houve um aumento mais acentuado no número de patentes em relação ao tamanho da população em comparação com outras regiões importantes da Suécia, como Gotemburgo e Estocolmo.
Um estudo separado de 2022, realizado pelo departamento de economia da universidade, sugeriu que o comércio entre Dinamarca e Suécia na região é 25% maior do que teria sido se a ponte nunca tivesse sido construída.
Uma viagem de trem do centro de Copenhague até Malmö leva cerca de 40 minutos pela ponte
Getty Images via BBC
Desafios do transporte e da superlotação
A pesquisa do Öresundinstitutet indica que um número recorde de pessoas se deslocou de trem em 2024 — um total de quase 41 mil viagens por dia.
Isso reverteu a queda ocorrida durante a pandemia de covid-19, quando os controles de fronteira e a redução dos serviços causaram interrupções significativas.
No entanto, Wessman afirma que a crescente popularidade do transporte entre fronteiras significa que a superlotação está se tornando um problema — e os “trens de nova geração”, que são maiores, e foram projetados para aliviar a pressão, só devem ser lançados a partir de 2030.
Apesar do boom na realocação de empresas para Malmö e da reputação da região em termos de inovação, os dados do Öresundsinstitutet também sugerem que a cidade sueca ainda precisa trabalhar para incentivar o deslocamento da Dinamarca. Mais de 95% dos passageiros viajam na direção oposta, de Malmö para Copenhague.
“Malmö é uma cidade regional. Em uma capital, você tem o tipo de emprego que não existe em uma cidade menor, [e] você tem salários mais altos em Copenhague do que em Malmö”, explica Wessman.
Hermann Haraldsson diz que pode ser difícil atrair trabalhadores de Copenhague
Anja Ekstrom via BBC
A Boozt, uma plataforma online de moda de propriedade dinamarquesa que estabeleceu sua sede em Malmö em 2010, anunciou recentemente que estava mudando sua sede para Copenhague.
Hermann Haraldsson, CEO e cofundador da empresa, explica que, embora tenha gostado pessoalmente de se deslocar para Malmö nos últimos 15 anos, tem se tornado cada vez mais difícil atrair jovens talentos dinamarqueses da capital.
“Acho que existe uma barreira mental para alguns dinamarqueses atravessarem a ponte e trabalharem na Suécia”, ele avalia, reconhecendo que muitos moradores de Copenhague enfrentam deslocamentos diários mais longos dentro da cidade, em comparação com o tempo de viagem habitual pela ponte.
“Desde que anunciamos a mudança, acredito que o número de candidaturas para vagas triplicou.”
Haraldsson também acha que atravessar a ponte Öresund é muito caro.
O preço de uma viagem de trem só de ida do centro de Copenhague até Malmö é de cerca de US$ 17 (R$ 93) — e leva aproximadamente 40 minutos. Atravessar a ponte de carro custa cerca de US$ 80 (R$ 438), embora haja grandes descontos para viajantes regulares.
O CEO argumenta que também há muitos obstáculos administrativos para os trabalhadores transfronteiriços, uma vez que a Suécia e a Dinamarca possuem sistemas diferentes de aposentadoria, licença parental e seguro-desemprego.
Um novo acordo entre os dois países entrou em vigor em janeiro, com o objetivo de simplificar as regras do imposto de renda para os trabalhadores pendulares.
Mais de 95% dos passageiros viajam de Malmö para Copenhague
Getty Images via BBC
A integração cultural também tem sido mais complicada do que as autoridades suecas e dinamarquesas imaginavam, afirma Wessman, CEO do Öresundsinstitutet.
Ele observa que, embora os países nórdicos possam “parecer muito semelhantes” aos olhos globais, as diferenças nas culturas de trabalho podem fazer com que os profissionais tenham dificuldade de se entender “apesar das boas intenções”.
“Os dinamarqueses são conhecidos por serem os mais diretos entre as culturas escandinavas… enquanto os suecos são conhecidos por serem um pouco mais voltados para o consenso”, acrescenta Mondahl, a gerente da área de games nascida em Copenhague que agora está baseada em Malmö.
“Quando cheguei pela primeira vez a um ambiente de trabalho sueco… havia muitas reuniões, e todos precisavam ser ‘ouvidos’ para tudo, e trata-se de descobrir como tirar o máximo proveito disso”, diz ela.
Malmö vivenciou um boom de novas empresas de tecnologia
Getty Images via BBC
Apesar desses desafios, a ponte continua sendo um ícone global para a colaboração entre fronteiras e regional.
Ela ajudou a inspirar o Fehmarnbelt, um novo túnel que está sendo construído sob o Mar Báltico entre a Dinamarca e a Alemanha, projetado para melhorar ainda mais as conexões da Escandinávia com o resto da Europa. A Finlândia também está explorando uma nova ponte sobre o Mar Báltico, conectando a cidade de Vaasa com Umeå, no norte da Suécia.
Wessman argumenta que a importância desse tipo de conexão fixa e segura é reforçada pelo contexto da guerra na Ucrânia e pela recente adesão da Suécia e da Finlândia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que inclui o compromisso de ajudar outros Estados-membros.
As autoridades suecas e dinamarquesas também estão discutindo várias outras conexões transfronteiriças em potencial. Entre elas, estão túneis rodoviários e ferroviários para a Dinamarca a partir da cidade sueca de Helsingborg ou Landskrona (ambas no sudoeste da Suécia), e um novo metrô conectando Malmö e Copenhague.
“Acho que vai levar mais alguns anos até que a próxima conexão esteja pronta para ser inaugurada. Mas ela vai chegar, e vai ser necessária”, diz Wessman.
A ponte de Öresund conecta a Dinamarca e a Suécia há 25 anos
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