Faltando poucas horas para o fim do prazo dado pela Prefeitura de São Paulo para a desocupação do Teatro de Contêiner Mungunzá, localizado na região da Luz, no centro de São Paulo, a atriz Fernanda Torres tornou pública uma carta enviada ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) pedindo a permanência do equipamento cultural. Segundo o portal Folha de S. Paulo, a mobilização, que já contava com o apoio de sua mãe, Fernanda Montenegro, agora ganha ainda mais peso com o apoio oficial do Ministério da Cultura.
A ação da Guarda Civil Metropolitana (GCM) na última terça-feira (19/8), que usou spray de pimenta e força física contra artistas que resistem ao despejo, gerou revolta em diversos setores da sociedade civil. A situação levou o Ministério Público de São Paulo a abrir um inquérito para investigar possível abuso de autoridade e improbidade administrativa por parte do prefeito e outros gestores municipais.
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Instalado desde 2016 na Rua dos Gusmões, o teatro funciona como um centro de atividades artísticas e sociais, promovendo espetáculos e projetos comunitários por meio da Cia Mungunzá de Teatro e da ONG Tem Sentimento. Desde então, virou referência na cena cultural da capital. Mesmo assim, a prefeitura afirma que a área será usada para a construção de habitações populares, alegando já ter oferecido alternativas de espaço aos representantes do grupo.
Em carta ao prefeito, Fernanda Torres reconhece a importância de revitalizar a área da Luz, mas argumenta que remover o teatro do local desestrutura um trabalho enraizado há quase uma década, voltado à população mais vulnerável da cidade. “É um teatro de praça, aberto ao público e, apesar do cuidado da prefeitura de encontrar um outro espaço para que as atividades da trupe continuem, este lugar não atende às características do trabalho desenvolvido no teatro da rua dos Gusmões”, escreveu a atriz.
Já Fernanda Montenegro, que havia se manifestado em junho pelas redes sociais, classificou o espaço como um símbolo do renascimento cultural e social de um bairro historicamente abandonado. Ela também ressaltou a importância da trupe, com mais de 4 mil projetos realizados na região. Em resposta ao apelo da veterana, o governo municipal afirmou que o grupo já teve tempo suficiente para se planejar.
A gestão Nunes defende que o terreno será parte de um projeto habitacional conduzido pela COHAB e pela CDHU, e que três novas áreas foram oferecidas ao grupo; uma delas com o triplo do tamanho do espaço atual. A prefeitura também divulgou que já investiu mais de R$ 2,5 milhões no teatro por meio de editais culturais e incentivos públicos.
Os responsáveis pelo teatro alertam para a inviabilidade de uma mudança imediata e pedem uma prorrogação de 120 dias para viabilizar uma transição responsável. Já o Ministério da Cultura solicitou um prazo ainda maior: 180 dias, em nome da complexidade técnica e da dimensão simbólica do local.
Até o momento, a administração mantém a posição de despejo. O prazo para saída termina às 23h59 desta quinta-feira (21/8). Após isso, segundo comunicado oficial, medidas legais serão adotadas para retomada da área.