Uma nova polêmica emerge em torno do popular programa de televisão The Biggest Loser, com a treinadora Jillian Michaels ameaçando processar a Netflix e outros envolvidos no documentário recém-lançado, Magreza na TV: A Verdade de The Biggest Loser. A série documental, que estreou no último dia 15 e já ocupa a sétima posição entre as mais vistas na plataforma no Brasil, tem reacendido o debate sobre as práticas do reality show de perda de peso e o bem-estar dos participantes.
The Biggest Loser, que foi ao ar na NBC pela primeira vez em 2004, rapidamente se tornou um fenômeno cultural. No Brasil, o SBT estreou uma versão apresentada por Silvio Santos em 2005, chamada O Grande Perdedor, que depois passou a ser chamada Quem Perde, Ganha. A Globo já teve um quadro no Fantástico chamado Medida Certa, com famosos.
A premissa do programa dos Estados Unidos envolvia um grupo de indivíduos considerados acima do peso competindo em um desafio de 30 semanas para perder o máximo de quilos possível, com o vencedor sendo coroado “o maior perdedor” e recebendo um prêmio em dinheiro de US$ 250 mil. O show durou 18 temporadas até 2020, com uma breve reinicialização em 2020 na USA Network.
O documentário Magreza na TV: A Verdade de The Biggest Loser (originalmente Fit for TV: The Reality of The Biggest Loser), em seus três episódios, explora a história por trás do sucesso do programa, desde a perspectiva de ex-participantes, um treinador (Bob Harper), produtores e profissionais de saúde.
A série aborda a linha tênue entre entretenimento e saúde, investigando o que realmente significava buscar uma mudança duradoura para os participantes. O co-criador e produtor executivo do The Biggest Loser, JD Roth, chegou a descrever o programa como um “movimento”.
As polêmicas de The Biggest Loser
No entanto, a produção da Netflix revela o lado obscuro e controverso do reality show. Ex-participantes relatam os extremos a que foram levados para perder peso, e os efeitos duradouros que enfrentaram desde então, incluindo transtornos alimentares e problemas de saúde mental.
O documentário mostra como a produção priorizava o entretenimento em detrimento da saúde dos participantes, com métodos de perda de peso que incluíam privação alimentar e exercícios intensos de até oito horas por dia, acompanhados de gritos dos treinadores.
Entre as revelações mais chocantes estão as acusações sobre o uso de suplementos de cafeína e a pressão para que participantes tomassem drogas para maximizar os resultados. Em 2016, o Departamento do Xerife do Condado de Los Angeles chegou a iniciar uma investigação sobre alegações de ex-participantes de que foram pressionados a tomar substâncias para perder peso.
Um exemplo notório de controvérsia foi a final da 15ª temporada, quando a vencedora Rachel Frederickson apareceu com apenas 47,6 quilos, gerando críticas de que o programa havia ido longe demais na busca por perda de peso extrema. A participante Tracey Yukich, da oitava temporada de The Biggest Loser, revelou no documentário ter colapsado durante um desafio, sendo diagnosticada com rabdomiólise, uma ruptura muscular que libera uma proteína prejudicial no sangue.
Participantes do reality The Biggest Loser
(Foto: Divulgação/NBC)
Jillian Michaels ameaça processar a Netflix
A figura de Jillian Michaels, uma das treinadoras mais proeminentes do programa, está no centro da nova controvérsia. Embora ela seja destaque no documentário, Michaels optou por não participar das entrevistas.
A série documental indica que Michaels foi flagrada dando suplementos de cafeína à sua equipe na 15ª temporada, em violação das regras do programa. A emissora NBC chegou a reconhecer publicamente o uso de pílulas de cafeína em descumprimento de suas próprias regras.
Em resposta às alegações do documentário, Jillian Michaels está “partindo para o ataque”, afirmando à TMZ nesta terça-feira (19) que toda a produção da Netflix é uma “mentira gigante”. Ela anunciou que está se reunindo com seu advogado, Bryan Freedman, para planejar ações legais contra a Netflix, os produtores do documentário, o treinador Bob Harper e o Dr. Robert Huizenga.
Michaels nega veementemente as acusações sobre as pílulas de cafeína, alegando que a cafeína “NUNCA foi proibida” no The Biggest Loser, e que possui e-mails de 2009 que comprovariam a aprovação do uso de cafeína no programa, assim como Ambien e tabaco sem fumaça, substâncias que ela pessoalmente se recusou a usar.
Ela admitiu que foi penalizada em 2013 por ter dado as pílulas sem permissão pessoal, mas afirmou que a então showrunner, Lisa Hennessy, havia dito que estava tudo bem. O médico do show, Dr. Robert Huizenga, por sua vez, declarou que a cafeína “era absolutamente contra tudo no show” e que as regras eram claras para participantes e treinadores.
Michaels também refutou outras alegações feitas no documentário, como a de que ela teria parabenizado um vencedor dizendo que ele a tinha tornado milionária, e que ela teria restringido a ingestão calórica dos participantes. Ela apresentou correspondências por e-mail para desmentir essas afirmações.

Bob Harper, que concedeu entrevista ao documentário Netflix
A relação entre Jillian Michaels e Bob Harper também é abordada na série.
Harper revela no documentário que Michaels, a quem ele considerava uma amiga, nunca o procurou após ele ter sofrido um ataque cardíaco em 2017. Michaels, por sua vez, contrapõe essa afirmação compartilhando uma mensagem de texto de 2014 enviada a Harper, na qual expressa decepção por ele não responder às suas mensagens. Ela descreveu a relação deles como “longa e complexa”.
A série Magreza na TV: A Verdade sobre The Biggest Loser não apenas revisita o controverso legado do programa, mas também expõe as tensões e as diferentes versões da história por parte dos envolvidos.
2025-08-19 20:40:00