A ausência da concessionária ViaRio na audiência pública realizada nesta quinta-feira (14) na Câmara Municipal do Rio de Janeiro foi recebida com indignação pela vereadora Rosa Fernandes (PSD), que classificou o gesto como um desrespeito à autoridade legislativa e à população carioca. “Faltar a um encontro é ruim, é não respeitar o poder determinado pela população”, disparou a parlamentar, durante os trabalhos da Comissão Especial que investiga o reajuste do pedágio da Transolímpica.
Valores abusivos e falta de respostas
Presidida pelo vereador Felipe Boró (PSD), a comissão reuniu parlamentares, representantes da sociedade civil e órgãos públicos para discutir os altos valores cobrados na via expressa que liga o Recreio dos Bandeirantes a Magalhães Bastos. O pedágio, atualmente em R$ 8,95 para carros e R$ 3,60 para motos, foi classificado como abusivo por Boró, que também alertou para ações judiciais que podem elevar a tarifa para R$ 10,35 ainda este ano.
Rosa Fernandes defende diligência e transparência
Com postura firme, Rosa Fernandes defendeu a continuidade das discussões e a necessidade de acesso a dados financeiros da concessionária.
“Sem nenhum juízo de valor e sem me antecipar na formação de um conceito, precisamos de informações, que podem ser obtidas por meio de uma diligência, dando-nos respaldo para a convocação de qualquer prestador do Município do Rio”, afirmou.
A vereadora propôs uma fiscalização in loco e sugeriu que a CCPAr, responsável pelo contrato, forneça os dados que embasem futuras ações da comissão.
Filas, despesas e impacto social
A audiência também revelou o impacto direto do pedágio na vida dos usuários. Motociclistas enfrentam filas de até 150 metros, com espera de 20 minutos para pagar a tarifa.
Moradores da região relataram que os gastos mensais com o pedágio podem chegar a R$ 393 — quase 26% de um salário mínimo. Daniele Vieira, representante do movimento contra os valores cobrados, pediu isenção para quem vive no entorno da alça da via.
Defensoria pública aponta falta de respeito ao consumidor
Luciana Telles da Cunha, coordenadora do Núcleo de Defesa do Consumidor da Defensoria Pública, criticou o reajuste e afirmou que o consumidor foi ignorado no processo.
“Percebemos que o consumidor não foi considerado nem tratado com respeito neste reajuste”, disse. Ela alertou para a existência de uma ação judicial entre o Poder Concedente e a concessionária, o que dificulta novas medidas legais no momento.
Taxistas e cooperativas sentem o peso
O presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos, Hildo Braga Ricardo, revelou que 20% dos 47 mil táxis da cidade passam pela Transolímpica e pela Linha Amarela, tornando o pedágio um custo difícil de absorver.
José Marcos Bezerra, da Organização das Cooperativas do Brasil, defendeu a redução da tarifa como forma de aliviar o orçamento dos trabalhadores cooperados.
Câmara promete intensificar fiscalização
Ao final da audiência, Rosa Fernandes e Felipe Boró reforçaram a necessidade de ampliar a fiscalização e aprofundar a análise dos dados financeiros da concessionária.
“Precisamos montar uma forma de fiscalização in loco para discutir e trabalhar os dados e as informações, e nos subsidiar para as próximas audiências e encaminhamentos”, concluiu Rosa.
Enquanto a concessionária ViaRio se mantém em silêncio, a Câmara do Rio — com Rosa Fernandes na linha de frente — promete avançar com firmeza na defesa dos interesses da população.
2025-08-14 20:01:00