Sistema de detecção de tiros ajuda a impedir roubo de carga em Niterói | Rio de Janeiro

Agentes do Cisp receberam a informação dos 15 disparos na Avenida do Contorno – Divulgação Agentes do Cisp receberam a informação dos 15 disparos na Avenida do ContornoDivulgação Publicado 12/08/2025 19:31 Rio – O sistema ShotSpotter detectou 15 disparos de




Agentes do Cisp receberam a informação dos 15 disparos na Avenida do ContornoDivulgação

Rio – O sistema ShotSpotter detectou 15 disparos de arma de fogo no Barreto, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, na madrugada desta terça-feira (12). A nova tecnologia permitiu que policiais militares impedissem um roubo de cargas na Avenida do Contorno. Na ação, um suspeito foi baleado.

Os dados do sistema alertaram a localização exata dos criminosos cerca de 20 segundos após a detecção dos disparos. Em seguida, agentes do 12ºBPM (Niterói) recuperaram o caminhão.

Especialistas opinam sobre o ShotSpotter

ShotSpotter é um sistema de detecção de disparos de arma de fogo por sensores espalhados pela cidade. Ele identifica o local exato do tiro e envia a informação em segundos para as forças de segurança. Em Niterói, o sistema é operado pelo Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), que atua 24 horas por dia no monitoramento e coordenação de ações para proteger a população.

Carolina Grillo, coordenadora do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni-UFF), destacou que a ferramenta tem potencial para mapear, por meio da tecnologia, as ocorrências de disparos de tiros. Com isso, pode auxiliar tanto na atuação das forças de segurança quanto no estudo por meio dos dados obtidos pelo sistema.

“O Instituto Fogo Cruzado vem, desde 2016, mapeando tiroteios na Região Metropolitana do Rio a partir de um monitoramento das redes sociais, da imprensa, da colaboração da sociedade civil, justamente porque a frequência com que ocorrem disparos de tiro no espaço urbano do Rio é uma frequência alta. Isso não é computado nas estatísticas oficiais porque elas dependem de registro de ocorrência pela Polícia Civil. É interessante que isso possa ser mapeado, porque esse é um dado que normalmente não é produzido”, explicou.

Grillo comentou que o funcionamento do sistema pode fazer com que criminosos evitem disparos em situações desnecessárias. A coordenadora do Geni-UFF ainda pontuou que os dados podem ajudar a melhorar as abordagens das forças de segurança em locais de ocorrências.

“Isso pode criar um efeito dissuasivo sobre os grupos armados, que podem passar a evitar efetuar esses disparos para que a polícia não compareça ao local. O fato de existir uma série de grupos armados controlando territórios faz com que, muitas vezes, mesmo em comemorações de aniversário, festas, gols de futebol… É tiro para o alto. Até mesmo em situações de roubo à mão armada em que tiros são disparados. Enfim, tem uma série de situações de tiroteio que colocam a população civil no fogo cruzado dessa violência que se dá entre diferentes grupos armados rivais e entre esses grupos e a polícia”, ressaltou.

“O nosso mapeamento realizado entre o Geni-UFF e o Instituto Flamengo Cruzado identificou que metade dos confrontos armados na Região Metropolitana do Rio envolvem a polícia. Esse sistema também vai ser capaz de identificar os disparos da própria força de segurança. A polícia, muitas vezes, deixa de tomar as cautelas necessárias da preservação da vida e se engaja em confrontos armados em espaços urbanos densamente populados, colocando a vida de muita gente em risco. É importante que esses tiroteios sejam quantificados e que esses dados sejam transparentes, sejam tornados públicos. É importante que haja uma preocupação em discernir quem são os atores participando desses tiroteios para que se possa mensurar a participação da polícia”, pontuou.

O professor de Direito Penal do Ibmec, Taiguara Libano, destacou que o ponto fundamental é a atitude a ser tomada pelas forças de segurança a partir da informação a respeito dos tiroteios.

“Me parece uma ferramenta tecnológica que contribui para uma política de segurança pública mais assertiva, podendo a força policial ser empregada em um prazo mais curto e, com isso, ter um resultado mais eficaz. A questão é o que fazer com essa informação. Você vai entrar dando tiro nas residências? Vai dando tiro de fuzil pra tudo que é lado podendo, eventualmente, um disparo atingir uma escola? Isso já é um segundo passo. A captação ambiental desse áudio, dos disparos, me parece uma ferramenta útil. Agora, qual é a ação policial que vai ser empregada a partir dessa detecção? Esse é o ponto. É preciso também que essa ação policial preserve os direitos fundamentais dos moradores”, reforçou.

Carolina Grillo acrescentou que é importante verificar se o dispositivo será implementado de forma democrática, abrangendo todas as regiões.

“Isso é uma questão de estigma, em que você está partindo de um viés que considera alguns territórios como sendo os territórios mais propensos a violências, áreas sensíveis. É uma dinâmica que se tem atualmente na Região Metropolitana do Rio em torno de taxar as regiões de favela, principalmente, como áreas de risco, áreas sensíveis, onde o policiamento se dá de uma forma distinta. Para que um sistema desse seja implementado de uma forma democrática, ele deveria estar igualmente em todos os territórios da cidade. É importante ficar atento para que isso não seja mais um dispositivo utilizado como forma de estigmatizar determinados territórios”, concluiu.





Conteúdo Original

2025-08-12 19:31:00

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