O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta terça-feira (12) que as medidas do plano de contingência diante das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros saem até quarta-feira (13).
Integrantes do governo participaram de uma reunião nesta segunda para alinhar os últimos detalhes do plano para ajudar empresas atingidas pelo tarifaço. A expectativa era que anúncio das medidas fosse feito no mesmo dia, o que não ocorreu.
Costa mencionou também que nesta terça conversará novamente com Lula sobre o tema. Na agenda do presidente, havia previsão de reunião entre o petista e Costa às 10h30 (leia mais abaixo).
Tarifaço: Lula se reúne com ministros para tratar do plano de contingência
“Ontem [segunda] tivemos uma reunião até quase oito da noite com a equipe do Ministério da Fazenda, do Ministério da Indústria e Comércio, outros ministérios, com o presidente. Hoje [terça] ele fará nova reunião para avaliar as medidas. Hoje ou amanhã, após ele decidir, essas medidas serão anunciadas”, afirmou Costa.
“Eu não posso aqui antecipar porque ele ainda não tomou decisão final, ainda terá outra reunião hoje [terça] pela manhã. Só depois que ele bater o martelo final é que essas medidas poderão ser anunciadas”, prosseguiu o ministro.
De acordo com fontes do governo, outra reunião sobre o plano de contingência está prevista para 18h desta terça. Lula tem viagens marcadas para quinta (14) e sexta (15), o que reforça a expectativa para o anúncio nesta quarta.
Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil, ao lado do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participa da cerimônia de assinatura do contrato de concessão da BR-381/MG, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), em 22 de janeiro de 2025.
Fátima Meira/Enquadrar/Estadão Conteúdo
Demora para anúncio
Nesta manhã, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, deu declarações na mesma linha de Rui Costa.
Durante uma reunião da Comissão de Desenvolvimento Regional (CDR) no Senado, ela explicou que havia alguns detalhes para serem resolvidos antes do anúncio.
“Houve uma reunião ontem [segunda] até tarde. Alguns detalhes ainda não estavam, vamos dizer assim, absolutamente esclarecidos, até porque as coisas estão acontecendo”, mencionou.
“Eu acho que o mais importante é dizer que nós estamos diante de uma negociação. Quando nós estamos falando de negociação comercial entre dois países, há interesses antagônicos e há interesses em comum. Então, nesse jogo, entra a diplomacia, entra a equipe econômica, entra a política e dentro desse processo é um jogo de paciência”, emendou Tebet.
A ministra ainda afirmou também que a demora para realizar o anúncio se deve à complexidade de se separar empresa por empresa dentro de cada setor atingido. Ela citou ainda que o de pescado é um dos mais impactados, mas que, no entanto, não será a totalidade do setor beneficiada.
Interlocutores do Planalto afirmam que um dos pontos que emperraram o anúncio até agora foi o tamanho do “Reintegra”, programa de ressarcimento de tributos das empresas exportadoras.
Como mostrou o g1, o plano de contingência deve contemplar:
linhas de crédito para as empresas impactadas pela sanção americana, para financiar investimentos e capital de giro das companhias (entenda melhor a seguir);
adiamento das cobranças de tributos e contribuições federais por até dois meses, repetindo um movimento adotado pelo Planalto na pandemia de Covid-19; e
compras públicas de mercadorias perecíveis. Há uma preocupação com os estoques de alimentos como peixes, frutas e mel, parados desde o anúncio do presidente americano, Donald Trump.
Ministra do Planejamento, Simone Tebet, fala em coletiva de imprensa sobre o bloqueio do Orçamento e elevação do IOF
Diogo Zacarias/MF
Tarifaço dos EUA
Desde 1º de agosto está em vigor uma sobretaxa de 50% para entrada de produtos brasileiros nos EUA, definida pelo presidente norte-americano Donald Trump.
O governo tenta negociar com os EUA, porém as tratativas não avançaram. Auxiliares de Lula entendem que não há disposição de Trump para discutir o tema, já que ele exige o término dos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe.
Financiamento e busca de novos mercados
Rui Costa confirmou que o governo prepara linhas de créditos e auxiliará as empresas prejudicadas pelo tarifaço a encontrar novos mercados para os produtos que eram vendidos aos EUA.
“A ajuda passará por abrir novos mercados para os nossos produtos e, também, apoiar eventualmente com linhas de financiamentos para os setores exportadores”, disse.
O ministro relatou que conversou com embaixadores da Índia e da China para avaliar se os países poderiam comprar produtos brasileiros que eram exportados para os EUA.
“Estamos conversando sobre o que eles podem comprar de nós e o que nós podemos comprar deles, porque os EUA resolveu brigar com o mundo”, disse Rui.
As declarações do ministro foram dadas durante uma entrevista à Rádio Alvorada FM da Bahia.
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