CPI da Alerj investiga empresa de câmeras e expõe elo com vice-prefeito do Rio

A Comissão Parlamentar de Inquérito das Câmeras da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) iniciou nesta segunda-feira (11) sua primeira sessão com foco na atuação da empresa Gabriel Tecnologia Ltda., responsável por câmeras instaladas em espaços públicos. Presidida pelo


A Comissão Parlamentar de Inquérito das Câmeras da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) iniciou nesta segunda-feira (11) sua primeira sessão com foco na atuação da empresa Gabriel Tecnologia Ltda., responsável por câmeras instaladas em espaços públicos. Presidida pelo deputado Alexandre Knoploch (PL), a CPI ouviu o diretor executivo da empresa, Erick Castiglioni Coser, que revelou uma estreita colaboração com as forças de segurança do estado, apesar de a empresa atuar formalmente apenas no setor privado.

Vice-prefeito no centro das suspeitas

O vínculo da empresa com o vice-prefeito do Rio, Eduardo Cavalieri, foi um dos pontos mais sensíveis da sessão. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Cavalieri foi um dos fundadores da Gabriel Tecnologia. Knoploch questionou se a influência política teria facilitado o relacionamento da empresa com o poder público:

“O estado avalia que precisa da Gabriel, já que ela tem uma solução que o estado não tem. Então deixa de ser uma questão colaborativa. A Gabriel deu um xeque-mate empresarial. O estado acaba sendo escravo”, afirmou. Coser negou qualquer interferência e disse que Cavalieri deixou a sociedade em 2020.

Empresa privada, acesso público

Coser, no entanto, admitiu que a Gabriel recebe ofícios da Polícia Civil e Militar solicitando imagens captadas por suas câmeras, que operam com software de reconhecimento de placas veiculares.

Embora tenha negado o uso de reconhecimento facial ou gravação de áudio, a revelação gerou preocupação entre os parlamentares sobre o possível acesso da empresa a dados sigilosos de segurança pública.

Câmeras em Niterói: quem contratou e por quê?

O deputado Douglas Gomes (PL) trouxe à tona a atuação da Gabriel em Niterói, onde câmeras foram instaladas em praças públicas sem clareza sobre quem contratou ou financiou o serviço.

“Precisamos saber qual o intuito de ter câmeras, por exemplo, em uma praça, que não sabemos nem quem pagou”, disse. O parlamentar solicitou que a empresa informe, na próxima oitiva, quantas câmeras estão em operação no município e quem é o responsável pela contratação.

Tecnologia e interesses

Deputados também questionaram os reais motivos por trás dos investimentos da Gabriel em inteligência artificial.

“Para que a empresa investe em equipamentos de reconhecimento de placas e software de resposta em tempo real? É puro altruísmo?”, provocou Rodrigo Amorim (União). Alan Lopes (PL) destacou que nunca viu uma empresa privada com interlocução tão direta com o aparato de segurança do estado.

Medidas aprovadas

A CPI deliberou o envio de ofícios à Autoridade Nacional de Proteção de Dados e à prefeitura do Rio, solicitando informações sobre a Gabriel Tecnologia. Os parlamentares também exigem acesso aos contratos firmados entre a empresa e associações de moradores que instalam câmeras em áreas públicas.

Também foram convidados a prestar esclarecimentos nas próximas reuniões o secretário municipal de Conservação do Rio, Diego Vaz, e representantes das Polícias Civil e Militar.

A investigação avança com foco na interseção entre tecnologia, segurança e influência política — e promete revelar os bastidores de uma rede de monitoramento que opera além dos limites da transparência.



Conteúdo Original

2025-08-11 16:03:00

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