O poderoso drama médico que está em alta no Prime Video

O drama médico A Mistake é uma ficção adaptada do quinto romance do autor Carl Shuker. Em alta no Top 10 do Prime Video no Brasil, o filme mergulha em questões complexas de ética médica e burocracia dentro de um


O drama médico A Mistake é uma ficção adaptada do quinto romance do autor Carl Shuker. Em alta no Top 10 do Prime Video no Brasil, o filme mergulha em questões complexas de ética médica e burocracia dentro de um hospital. Embora não seja um arrasa-quarteirão, o longa reforça a habilidade da diretora Christine Jeffs para criar dramas adultos inteligentes, explorando temas como erro humano, responsabilidade e o processo burocrático de avaliação de profissionais da saúde.

A trama se desenrola em um cenário médico de Auckland, Nova Zelândia, e foca na vida de uma cirurgiã talentosa que se vê em meio a uma crise profissional e pessoal. A história central gira em torno de Elizabeth Taylor (Elizabeth Banks), uma cirurgiã altamente conceituada que, durante um longo turno noturno, é chamada para uma emergência.

Uma paciente, Lisa (Acacia O’Connor), readmitida com fortes dores abdominais, necessita de cirurgia imediata devido a uma “infecção galopante” por septicemia. Durante o procedimento, ela instrui o residente Richard (Richard Crouchley) a inserir um dreno de gás, mas ele comete um erro, rompendo uma artéria. Apesar do susto, a cirurgia é concluída com sucesso, e a paciente é considerada fora de perigo. No entanto, Lisa sofre uma parada cardíaca fatal na Unidade de Terapia Intensiva.

Liz está convencida de que o erro de Richard não foi a causa da morte, acreditando que a gravidade da condição da paciente era inescapável. Contudo, para proteger o residente, ela inicialmente encobre o incidente. A situação se complica quando os pais enlutados de Lisa (Rena Owen, Matthew Sunderland) exigem respostas, e a pressão para encontrar culpados aumenta.

O hospital, neste momento, está implementando novas políticas de “transparência”, que exigem a divulgação pública dos resultados cirúrgicos. Liz argumenta que isso exporá os cirurgiões a julgamentos simplistas, transformando decisões complexas em situações de emergência em meras avaliações online de “curtir” ou “não curtir”.

Essa postura a coloca em rota de colisão com Andrew (Simon McBurney), um burocrata hospitalar arrogante, que parece disposto a sacrificá-la, especialmente após a queixa dos pais à imprensa. Além dos desafios profissionais, Liz precisa lidar com o desespero de Richard, a deslealdade inesperada de sua namorada, a enfermeira Robin (Mickey Sumner), e até mesmo problemas pessoais como cuidar do cachorro da irmã e uma infestação de insetos em casa.

Elizabeth Banks é a protagonista de A Mistake

Elizabeth Banks em A Mistake

Foto: Divulgação/Prime Video

A Mistake é um filme bom?

A crítica aponta que a abordagem contida de Jeffs pode fazer com que o roteiro pareça sobrecarregado por questões subdesenvolvidas, com a diretora mais interessada em capturar a crescente e isolada frustração da protagonista do que em construir tensão. Os personagens secundários, embora bem interpretados, carecem de profundidade, o que, para alguns, torna o acúmulo de crises um tanto vazio.

Na obra literária original, a Dra. Taylor é descrita como uma figura mais ousada e impulsionada, o que poderia aguçar os conflitos. Elizabeth Banks, com sua performance calorosa e empática, convence como uma profissional escrupulosa, mas suas provações podem parecer um pouco forçadas, o que também diminui a intensidade de sua relação com Andrew, que, na interpretação de Simon McBurney, é visto como um vilão unidimensional, com um tom misógino e hipócrita.

No IMDb, A Mistake registra nota 5,7, enquanto no Rotten Tomatoes o longa recebeu 74% de aprovação dos críticos. Um dos aspectos mais elogiados é a representação realista da vida de um cirurgião, especialmente uma mulher, fugindo do glamour televisivo para mostrar as longas horas, a privação de sono e as complexidades do cuidado clínico. Médicos, como todos os seres humanos, não são infalíveis e cometem erros.

A diretora Christine Jeffs afirmou que o romance de Carl Shuker, que por muitos anos foi editor do British Medical Journal, conferiu grande veracidade aos detalhes da história, baseada em extensa pesquisa. Jeffs também foi motivada pela oportunidade de apresentar uma personagem feminina forte, vulnerável e real. Suas próprias experiências pessoais com o sistema médico, ao atuar como defensora de seu parceiro durante uma emergência médica grave, também moldaram sua compreensão da complexidade da saúde, habilmente retratada no filme.

A Mistake aborda a dupla jornada e os padrões duplos enfrentados por mulheres médicas, incluindo a pecha de “emocionais” e o preconceito de gênero no ambiente de trabalho. A produção é elogiada por humanizar os médicos, revelando as múltiplas responsabilidades que eles precisam equilibrar, uma realidade ainda mais complicada para mulheres profissionais da saúde por conta da política de local de trabalho e do viés de gênero.

Apesar de algumas ressalvas, A Mistake mantém o interesse. Seu tom relativamente discreto, característico das obras anteriores de Jeffs, pode não trazer grande urgência aos elementos de suspense, mas concentra firmemente a atenção na mente de uma protagonista feminina inteligente e em conflito, durante um período de crescente luta interna e externa.

O filme envolve o espectador em sua exploração das complexidades de vida e morte nas artes da cura, e como o que pode parecer uma questão simples de certo ou errado para quem está de fora, é muito mais sutil e desafiador para aqueles que tomam decisões cruciais.

Assista ao trailer:



Conteúdo Original

2025-08-02 22:20:00

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