Uma jovem de 16 anos chegou já sem vida ao Hospital Municipalizado do Andaraí, na Zona Norte do Rio, na noite da última sexta-feira. O prontuário da unidade, ao qual O GLOBO teve acesso, indica que o corpo da jovem apresentava estado de caquexia — uma condição extrema de desnutrição — e dilatação anal. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML), que registrou a morte como pneumonia.
A adolescente deu entrada no Hospital Municipalizado do Andaraí por volta das 20h da noite da sexta-feira. Segundo o prontuário da unidade, médicos declararam que a morte da adolescente aconteceu às 17h48 do mesmo dia.
Segundo o registro feito pela equipe médica do hospital, não havia sinais externos de violência. No entanto, a observação sobre o estado físico da paciente e o esfíncter anal dilatado motivaram a decisão de encaminhar o corpo para exame cadavérico, já poderia se tratar de sinais de abuso.
O documento também registra que a família alegou que a jovem havia começado a apresentar sintomas cerca de dez dias antes, e que o quadro teria sido interpretado como “emagrecimento por causas religiosas”. A causa da morte foi classificada como “outras causas mal definidas e não especificadas de mortalidade” e “caquexia”.
O Instituto Médico-Legal (IML) emitiu um laudo que não apontou sinais de abuso sexual, apenas desnutrição severa. A causa da morte foi registrada como pneumonia. Segundo a delegada Camila Lourenço, da 20ªDP (Vila Isabel), responsável pelo caso, o estado de desnutrição severa “precisa ser investigado”.
— O laudo de necrópsia não aponta nenhum abuso sexual, apenas um estado de desnutrição que precisa ser investigado. Médicos inexperientes às vezes confundem os sinais. Em casos como esse, o relaxamento do esfíncter pode ser interpretado, de forma equivocada, como indício de abuso, mas é consequência da própria desnutrição — explicou Lourenço.
Funcionários ouvidos pelo GLOBO relatam que a jovem teria procurado o hospital anteriormente, em maio deste ano, com sintomas de mal-estar. À época, foi atendida, mas não retornou.
— Ela já chegou morta. Ela estava praticamente só o osso, muito magra — disse um funcionário do Hospital Municipalizado do Andaraí, que prefere não se identificar.
Segundo a delegada, a Polícia Civil requisitou o prontuário médico da jovem e vai ouvir os familiares para entender o contexto da morte.
O GLOBO tentou contato com a mãe da adolescente, mas ela ainda não se manifestou.
2025-07-28 13:51:00