O que era para ser uma viagem de lazer em família terminou em terror e luto na madrugada desta segunda-feira (7), na BR-367, em Porto Seguro, extremo sul da Bahia. O paulista Robert Pereira da Silva, de 30 anos, foi morto com um tiro na cabeça durante uma tentativa de assalto ao se deparar com uma falsa blitz montada por criminosos armados. No carro, estavam duas mulheres, duas crianças e um policial civil — padrasto da vítima — que reagiu à emboscada. O filho do policial foi baleado de raspão.
A cena, digna de um filme de guerra, escancara uma prática cada vez mais comum na região: falsas barreiras policiais usadas como armadilhas para turistas e moradores. Os criminosos, vestidos com coletes e fortemente armados, atravessaram uma caminhonete na pista e abriram fogo quando o motorista tentou dar marcha à ré. A criança ferida e os demais familiares escaparam por pouco de um desfecho ainda mais trágico.
Esse não foi um caso isolado. Nos últimos dias, Porto Seguro também registrou o assassinato de um motorista do Samu dentro de casa, e um outro ataque a tiros contra turistas que deixou outro homem ferido. Em Salvador e região metropolitana, execuções em série, ataques com granadas e confrontos entre facções têm se tornado rotina.
Segundo o Atlas da Violência 2025, a Bahia liderou o número absoluto de homicídios no país em 2023, com 6.616 mortes. O estado também teve a segunda maior taxa de assassinatos entre jovens. A escalada da criminalidade fez com que, pela primeira vez, a violência superasse a saúde como a principal preocupação dos brasileiros, de acordo com pesquisa AtlasIntel.
Especialistas e parlamentares críticos ao governo federal apontam que a política de segurança pública da gestão Lula tem falhado em conter o avanço do crime organizado. O plano nacional lançado pelo Ministério da Justiça prevê medidas como mutirões de indulto, revisão de penas e desencarceramento — ações que, segundo analistas, podem aumentar a sensação de impunidade e favorecer a reincidência criminal.
Enquanto isso, a população segue refém de uma violência que não conhece fronteiras nem feriados. O caso de Robert, morto ao tentar proteger sua família, é mais do que uma tragédia pessoal — é um retrato doloroso de um país onde o medo tomou o lugar da esperança.
2025-07-08 07:00:00