F1 leva Brad Pitt ao mundo fantástico do automobilismo

Não existe nada em “F1” que outros filmes do gênero não tenham experimentado antes. Temos aqui o protagonista assombrado por uma tragédia do passado, temos drama familiar, acidentes cabulosos, romance (Hayes se enrosca com a engenheira-chefe da equipe, papel de


Não existe nada em “F1” que outros filmes do gênero não tenham experimentado antes. Temos aqui o protagonista assombrado por uma tragédia do passado, temos drama familiar, acidentes cabulosos, romance (Hayes se enrosca com a engenheira-chefe da equipe, papel de Kerry Condon), frases de efeito, fracassos e triunfos. “F1” é quase um retrocesso em sua ingenuidade narrativa e sua linha dramática simples e de fácil absorção.

A estrutura é tão manjada, mas feita com tanto esmero, que fica clara a intenção do diretor em descomplicar a história de forma deliberada para se concentrar no espetáculo – e aqui “F1” decola de verdade. Kosinski nos coloca no cockpit ao lado de Pitt e Idris e filma as corridas com precisão cirúrgica em escala superlativa: do desenho de som à escolha das câmeras, da montagem dinâmica à trilha sonora pulsando com o motor, tudo aqui é grandioso. Mesmo que o universo seja familiar, “F1” faz parecer que é a primeira vez.

Para mimetizar a euforia da Fórmula 1 e de seu entorno colorido e barulhento, Kosinski optou por filmar durante a temporada de 2023, capturando a efervescência do público real nas arquibancadas e cooptando pilotos de verdade – como Max Verstappen, Charles Leclerc, Kevin Magnussen e Lewis Hamilton, que aqui também assina como produtor – para emprestar credibilidade e realismo ao filme. A emenda com os personagens de ficção é imperceptível.

‘F1’ reescreve a forma de filmar corridas no cinema Imagem: Warner

No centro desse circo, Brad Pitt senta confortavelmente como um dos últimos de uma espécie em extinção. Ele é Steve McQueen em “As 24 Horas de Le Mans”, é Paul Newman em “500 Milhas”. Um astro à moda antiga, encaixado sem atrito algum neste mundo que mistura altas doses de glamour e disciplina, à vontade não só como o sujeito calejado mas também, em flashbacks ligeiros, como o jovem piloto que dividiu as pistas com Senna, Prost e Schumacher antes de cair em desgraça.

Seu charme ajuda a relevar os pecados narrativos de “F1” como desapego calculado, sua generosidade dá a cada um de seus companheiros de elenco um momento sob os holofotes. Com Pitt, o filme segue vertiginoso, movido a talento e energia em nacos cinematográficos de velocidade, luz e som. Pode parecer território desbravado, mas a jornada, honesta e irresistível, é feita com o pé cravado no acelerador. Igualzinho às melhores manhãs de domingo.



Conteúdo Original

2025-06-26 12:00:00

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