O Earthshot Prize, premiação ambiental fundada pelo príncipe William, já tem data e local para sua próxima edição. A cerimônia de 2025 acontecerá em 5 de novembro, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, anunciaram os organizadores nesta terça-feira, 24.
A decisão marca a primeira vez que o prêmio será realizado na América Latina e “reforça o protagonismo do Brasil na agenda climática global”. Em novembro, o país também sediará a COP30, em Belém.
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O prêmio foi fundado pelo Príncipe de Gales em 2020 através de sua Royal Foundation, com o objetivo de incentivar novas ideias para solucionar problemas ambientais. Segundo William, o Earthshot foi inspirado em uma visita que ele realizou à Namíbia e seu nome é uma homenagem ao projeto “moonshot”, do ex-presidente americano John F. Kennedy, que levou ao pouso lunar em 1969.
Em preparação para a premiação em novembro, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e Ricardo Piquet, diretor-geral do Museu do Amanhã, participarão durante esta semana de eventos em Londres para a London Climate Action Week.
“É um grande privilégio para o Rio sediar o Earthshot Prize – pela primeira vez na América Latina. Essa prestigiosa iniciativa desempenha um papel crucial na transformação de soluções climáticas em realidade, oferecendo não apenas financiamento, mas também visibilidade global e apoio estratégico a projetos locais”, disse Paes.
Durante viagem a São Paulo para a Brazil Climate Investment Week, no início do mês, o vice-presidente do Earthshot Prize, David Fein explicou a VEJA os motivos que levaram a premiação a escolher o Brasil.
“Uma das visões originais do príncipe William para o prêmio era a mudança de cidade, país e região a cada ano para vermos o que poderíamos fazer para ajudar comunidades locais e regionais. Depois de Europa, América do Norte, Ásia e África, sabíamos que era hora da América do Sul, e o Rio surgiu como uma escolha natural”, disse.
Sobre o cenário de investimentos climáticos no Brasil, e dificuldade de mobilizar capital para investimentos sustentáveis, Fein ressaltou:
“Acreditamos nos mercados. Acreditamos que as soluções que ajudamos a pesquisar e selecionar são investimentos realmente viáveis e que valem a pena”, explicou. “Se você olhar para a lista de investidores que apareceram e empresas de investimento, não apenas brasileiras, mas dos EUA, da Europa, há um enorme entusiasmo e acho que há uma grande oportunidade aqui no Brasil e na América do Sul de forma mais ampla de oportunidades de investimento, e há apetite e há capital que está aqui e está focado aqui”.
Na América Latina e Caribe, a premiação já consagrou os vencedores e finalistas Acción Andina, Amazon Sacred Headwaters Alliance, Belterra, Coral Vita, High Ambition Coalition for Nature and People e República da Costa Rica. Nesse renomado círculo, há a presença de uma organização brasileira.
Finalista de 2023, a Belterra Agroflorestas é uma iniciativa que busca “viabilizar a implantação de Sistemas Agroflorestais em larga escala” para promover a “regeneração da saúde do solo, restauração da paisagem natural e recuperação da biodiversidade”, como revela o site da instituição.
A empresa atua ao lado de pequenos e médios agricultores, oferecendo serviços como “assistência técnica e extensão rural especializada em agricultura regenerativa, facilitação de acesso a crédito e a mercados compradores”. Ao todo, já fechou mais de 45 contratos e plantou 1.805 hectares de agroflorestas, que incluem 540 mil mudas de bananas, 62 mil de cacau e 55 mil de espécies florestais, desde a fundação em 2020.
“O que a Belterra está fazendo aqui no Brasil com pequenos produtores rurais, empoderando-os, dando-lhes autonomia e ferramentas para que possam viver bem e com um sistema de vida sustentável, é incrível. É um projeto incrível”, destacou Fein a VEJA.